O Banco Popular, a sexta maior instituição financeira de Espanha, foi hoje alvo de uma medida de resolução, com a venda imediata ao Santander – maior grupo bancário espanhol e o quarto maior da zona euro – por um euro.
Esta é a primeira medida de resolução após a entrada em vigor do mecanismo de resolução único, em Janeiro de 2016. A última resultou na entrega do Banif ao mesmo Santander que absorve hoje o Banco Popular.
A filial portuguesa do Popular vai ser integrada no Santander Totta, o banco português do gigante espanhol, que passa a contar com um activo próximo do Novo Banco e do BCP, podendo tornar-se no segundo maior banco em Portugal, atrás da Caixa Geral de Depósitos.
O Santander entrou em Portugal em 1998, mas foi no ano seguinte, através da compra do Totta & Açores e do Crédito Predial Português (privatizados pouco tempo antes), que ganhou quota de mercado significativa. Desde 1999 até 2004, quando concentrou a sua operação em Portugal no Santander Totta, passou de uma quota de mercado pouco acima de 1% para mais de 7%.
Ao engolir o Banif, nos últimos dias de 2015, estabeleceu-se como o quarto maior banco português, com uma quota de mercado estimada em cerca de 15%. O peso do Santander Totta deve agora subir para perto dos 17%, de acordo com informação veiculada pelo próprio banco e enviada aos clientes do Popular em Portugal.
As instituições da União Europeia têm vindo, ao longo dos últimos dez anos, a promover a concentração do sector financeiro num lote restrito de instituições. O processo foi acelerado com a crise financeira que teve início em finais de 2008 e que ditou a falência de vários bancos – como são os casos do BPN, do BES ou do Banif, em Portugal.
De acordo com um estudo recente do economista Nicolas Véron, para o grupo de reflexão Bruegel, os oito megabancos europeus já representam perto de 40% do total dos activos bancários da zona euro.
O maior accionista do Santander é o fundo norte-americano Blackrock, que integra o grupo de investidores internacionais que tentaram inviabilizar a operação de recapitalização pública da Caixa Geral de Depósitos e que mantêm um boicote financeiro ao Estado português por perdas suportadas no âmbito da resolução do BES, em Agosto de 2014.
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