No Montijo, a campanha eleitoral ajudou a dar visibilidade ao descontentamento popular relativamente ao actual presidente da Câmara e recandidato do PS, Nuno Canta. Às questões da higiene urbana e da qualidade da água, junta-se a postura que o ainda presidente tem tido para com os munícipes.
Numa reunião de Câmara realizada em finais de Julho deste ano, onde, segundo notícia do Diário da Região, Nuno Canta enfrentou o «mais difícil período do público neste mandato», o vereador e candidato da CDU à Câmara do Montijo, Carlos Jorge de Almeida, disse sentir-se «envergonhado» pela forma como o presidente «enfrenta, lida, conversa e escuta os seus munícipes».
No entendimento de Nuno Canta, um presidente de câmara deve defender os interesses da população de uma forma institucional, e não na rua. Uma convicção que os montijenses já apreenderam em vários momentos ao longo deste mandato.
A luta pela manutenção do balcão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na freguesia de Canha é um bom exemplo do papel que o presidente defende para si. Basta recordar a manifestação realizada em Abril pelas freguesias de Setúbal.
A freguesia de Canha não faltou ao protesto graças ao apoio cedido em transportes pela Câmara de Palmela. Além de contestarem a decisão da CGD, os manifestantes lamentaram a falta de apoio e de intervenção, não apenas do edil, mas também do presidente da Junta de Freguesia de Canha.
À reivindicação pela manutenção dos serviços públicos juntam-se as questões dos transportes, designadamente as lutas da Transtejo e dos Transportes Sul do Tejo, e de infra-estruturas, com a população a exigir a reabilitação urgente da Estrada Nacional 4.
Na Península de Setúbal, o município do Montijo é o único que não é governado pela CDU, embora a coligação tenha registado uma subida em 2013. A diferença de votos para a Câmara Municipal do Montijo entre o PS e a CDU nas últimas autárquicas foi de apenas 426 votos.
Da maioria das freguesias, a CDU pode passar a maioria na Câmara
Do outro lado do Tejo, em Vila Franca de Xira, o cenário é diferente mas o resultado pode ser idêntico. Alberto Mesquita, presidente da Câmara desde 2013, é o candidato do PS. Das maiorias alcançadas em 2001 e 2005, os resultados das últimas duas eleições vêm mostrando uma erosão da sua base eleitoral.
Em 2013, o PS registou o seu resultado mais baixo desde que, em 1997, venceu à CDU por menos de 600 votos. Há quatro anos, a coligação PCP-PEV reforçou a sua votação e a sua presença em todos os órgãos municipais, ao ponto de ser hoje a maior força na Assembleia Municipal e nas freguesias.
Das seis freguesias, que resultaram do processo de extinção promovido pelo anterior governo, quatro são governadas pela CDU, deixando o PS com apenas duas presidências de junta.
A campanha eleitoral parece reflectir esta tendência e Vila Franca de Xira pode seguir o exemplo do concelho vizinho de Loures, que nos últimos quatro anos voltou a ser gerido pela CDU, depois de 12 anos em que o PS ocupou a presidência da Câmara.
Regina Janeiro é a candidata da CDU, que, em declarações ao jornal i, afirmou que «o concelho perdeu dinamismo cultural, não cria investimentos, emprego, nem condições para haver comércio e indústria» nos últimos 20 anos.
Nos concelhos da margem Norte da AML, é o PS que tem a maioria das presidências, cinco em nove. Mas a CDU pode capitalizar o trabalho autárquico na Margem Sul e em Loures para reforçar a sua posição como principal força autárquica na Grande Lisboa. Actualmente, a CDU preside a metade dos 18 municípios que compõem a Área Metropolitana.
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