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Milhares votam na Catalunha apesar da repressão policial

Decorre este domingo o referendo sobre a independência da Catalunha, em que milhares recorrem ao voto mesmo sob a repressão das forças policiais do Estado espanhol, que já fizeram várias centenas de feridos.

Participantes no referendo mostram o seu boletim de voto diante da polícia que os impede de entrar no colégio Ramon Llull
CréditosEmilio Morenatti / eldiario.es

A Polícia Nacional e a Guarda Civil espanhola, durante esta manhã, realizaram intervenções em vários centros de votação para o referendo na Catalunha, no sentido de tentar impedir que os cidadãos possam votar.

Segundo o eldiario.es, cerca de 12 000 agentes destas forças, pouco antes das 9h da manhã, tentaram em vários locais «retirar pela força» os cidadãos que se encontravam em colégios eleitorais designados pela Generalitat (Executivo da Catalunha). Segundo o portal, em alguns locais conseguiram retirar as urnas antes da votação começar.

Vários meios de comunicação divulgam relatos e imagens de momentos de tensão e violência por parte dos agentes da autoridade para com os catalães que se concentravam, pacificamente, para votar em vários locais. São descritas situações de pessoas que são agredidas pelas forças policiais e mesmo atingidas com balas de borracha, e o balanço, descreve o eldiario.es, é até agora de 337 feridos, com um em estado grave. 

A Generalitat, tentando minimizar os efeitos dos colégios que foram encerrados, anunciou esta manhã a possibilidade de voto electrónico, sendo que todos os catalães que queiram votar podem fazê-lo em qualquer um dos colégios eleitorais abertos.

Apesar dos vários incidentes, segundo o eldiario.es, «a actuação policial não afectou a maioria dos colégios eleitorais do referendo, onde a votação decorre com tranquilidade». O ministro da Presidência e porta voz do Governo catalão, Jordi Turull, afirmou que se estava a votar em 73% das mesas.

Estão a decorrer várias falhas no sistema informático existente para o voto, que Turull afirma serem «ataques e bloqueios» do Estado espanhol. O eldiario.es afirma que tudo aponta para que o sistema tenha sido desactivada pela Guarda Civil, uma vez que aparecem na página desactivada as palavras «Judicial_Guardia_Civil».

Cidadãos protegem os locais de voto

O Governo espanhol, do Partido Polpular, que dava como fracassado o referendo antes de começar a votação, depara-se com uma adesão massiva dos catalães e com uma acção presistente para protegerem os colégios eleitorais.

O Governo liderado por Rajoy defendeu a actuação da Polícia e da Guarda Civil na Catalunha de forma a impedir um referendo sobre a independência do território que foi aprovado no Parlamento da região.

Centenas de cidadãos da Catalunha estiveram desde sexta-feira a ocupar dezenas de locais que iriam ser usados como colégios eleitorais, onde promoveram várias actividades para a população, com uma organização popular em defesa destes espaços para que hoje se pudesse votar. O eldiario.es informou que as directrizes da plataforma Escolas Abertas e dos Comités de Defesa do Referendo era para a resistência pacífica.

Catalunha resistiu até hoje a um clima de repressão

Para impedir o referendo sobre a independência da Catalunha, o Governo do PP levou a cabo, desde a sua marcação pelas autoridades regionais, várias acções repressivas, desde rusgas a instituições catalãs, detenções de responsáveis por cargos públicos, apreensão de material eleitoral e o bloqueio de sites sobre o referendo.

A repressão do Governo espanhol, que alega a ilegalidade do referendo, teve resposta em várias manifestações de milhares de pessoas nas ruas da Catalunha, nomeadamente no centro de Barcelona, que consideram o impedimento da realização do referendo definido pelo Parlamento da região um ataque à democracia.

Com uma língua e cultura próprias, a Catalunha tem cerca de 7,5 milhões de habitantes e um território ligeiramente superior a 30 mil quilómetros quadrados. É considerada a região mais rica do Estado espanhol.

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