Nos protestos desta quinta-feira, organizados pelo movimento Black Lives Matter (As vidas negras importam) em diversas cidades norte-americanas, foi visível o repúdio pelo racismo das autoridades, bem como a exigência de justiça, depois de esta semana mais dois afro-americanos terem sido assassinados por agentes policiais. De acordo com o The Washington Post, 505 pessoas foram mortas pela Polícia nos EUA só este ano.
Na quarta-feira, Philando Castile, de 32 anos, foi morto a tiro em Falcon Heights (Minnesota) por um polícia que o mandara parar porque a sua viatura tinha um farol partido. Na madrugada de terça-feira, Alton B. Sterling, de 37 anos, foi abordado por dois agentes em Baton Rouge (Louisiana), quando vendia CD na rua. Os polícias manietaram-no, deitaram-no no chão e abateram-no com vários disparos.
Testemunhas gravaram imagens de ambas as acções policiais violentas, que conheceram rápida e ampla divulgação nas redes sociais e nos órgãos de comunicação, voltando a trazer à ribalta a questão da actuação policial classista e racista nos EUA.
Snipers em Dallas
Cinco polícias foram mortos e pelo menos seis ficaram feridos, esta quinta-feira à noite, no centro de Dallas (Texas), numa das dezenas de manifestações que, por todo o país, denunciaram os abusos policiais, nomeadamente os assassínios de Philando Castile e Alton B. Sterling. Os disparos foram efectuados por franco-atiradores colocados em posições elevadas, referem diversos meios de comunicação, que apontam para existência de quatro suspeitos.
O caso da Polícia de Chicago
Em Dezembro de 2015, depois dos protestos que se seguiram à divulgação pela Justiça norte-americana, no mês anterior, do vídeo em que se via Laquan McDonald, jovem negro de 17 anos, a ser morto a tiro por um agente da Polícia de Chicago, foi criado um grupo de trabalho, composto por nove profissionais de diversas áreas, com o propósito de analisar a instituição. Em meados de Abril, o grupo divulgou um relatório com diversos dados e conclusões, críticas e sugestões.
Laquan McDonald foi um de vários jovens negros assassinados por agentes policiais na maior cidade do estado do Illinois – situação que motivou grandes protestos ao longo de meses e que levou os redactores do documento a concluir que a Polícia de Chicago «não tem consideração pela santidade da vida quando se trata de pessoas negras». No texto revela-se que, entre 2008 e 2015, 74% dos baleados pela Polícia de Chicago foram negros.
«Detenções falsas, confissões forçadas e condenações injustas também são parte da história [da Polícia de Chicago]. Esses e outros acontecimentos marcam uma longa e triste história de morte, prisão falsa, abusos físicos e verbais e descontentamento geral sobre as acções da Polícia em bairros negros», prossegue o texto.
O relatório, que critica o chamado «código de silêncio» existente na corporação, aponta ainda que «a ligação entre o racismo e o Departamento da Polícia de Chicago não apareceu após as consequências da divulgação do vídeo de McDonald. Racismo e maus-tratos nas mãos da Polícia são, há décadas, reclamações regulares das comunidades negras».
Para além da análise, o documento incluiu cerca de cem sugestões para alterar a situação actual, tendo sido entregue ao presidente da Câmara Municipal, Rahm Emanuel.
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