Por unanimidade, em plenário geral, os trabalhadores da mina de Neves-Corvo aprovaram a realização de uma greve, em resposta à atitude «irredutível» da administração da Somincor nas negociações e em solidariedade para com os encarregados afastados, em retaliação por recusarem ceder no apoio à greve.
Em declarações à Lusa, Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM/CGTP-IN), explicou que a administração «não quer negociar», está «irredutível e só interessada em fazer vingar as suas propostas».
«E para agravar a situação, a administração da Somincor, que lida mal com a democracia, afastou quatro encarregados gerais das lavarias da mina por terem usado o direito à greve», acusou, considerando tratar-se de uma «atitude antidemocrática, inadmissível e inaceitável».
Longo historial de repressão patronal
Já não é a primeira vez que a Somincor é acusada de reprimir os trabalhadores, tendo durante as várias greves recorrido a ameaças de não pagamento, lock-out e até à GNR para furar o piquete de greve.
A nova situação é explicada em comunicado no qual o STIM afirma que, a 7 de Março, os trabalhadores em causa foram convocados para uma reunião com os directores das lavarias e dos recursos humanos, na qual lhes foi comunicado o seu afastamento das funções de encarregados –que desempenhavam há 30 anos.
«Uma vingança», afirma o sindicato, como retaliação ao apoio que estes têm dado à causa dos colegas, sendo que eles próprios também estiveram em greve. Após uma tentativa de suborno fracassada, para colaborarem contra a greve, foram despromovidos e convidados a sair da empresa.
Greve por «horários humanizados»
A paralisação segue os modelos das outras três que marcaram em 2017, em dois períodos intercalados. O primeiro começa a 26 de Março, às 5h, até às 6h de dia 27. O segundo decorre entre as 5h de 28 e as 6h de 30 de Março.
Além de exigirem a reintegração imediata dos quatro trabalhadores nas funções que exerciam, é reivindicado o fim da laboração contínua no fundo da mina e a implementação de «horários humanizados», em oposição às jornadas de quatro dias consecutivos de dez horas e 42 minutos.
Outras reivindicações passam pela antecipação da idade da reforma dos trabalhadores «adstritos às lavarias, pastefill, backfill e central de betão», por aumentos salariais em 2018, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações quanto aos prémios e o fim da repressão constante na empresa.
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