O presidente da Assembleia Nacional, Gustavo Porras, explicou que a comissão terá um período de três meses, a partir da data da sua constituição, para investigar os acontecimentos relacionados com a onda de violência que abala o país centro-americano desde meados do mês passado e apresentar um relatório com as suas conclusões.
Gustavo Porras, da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), disse que «a comissão tem total liberdade para fazer as investigações pertinentes», acrescentando que o organismo é composto por «cinco pessoas de grande prestígio» na Nicarágua, incluindo juristas, intelectuais e religiosos, informa a Prensa Latina.
Trata-se do padre Francisco Uriel Molina, do vice-reitor da Universidade Nacional Autónoma (Manágua), Jaime Francisco López, da activista indígena Mirna Cunningham, de Adolfo José Jarquín (ex-vice-procurador dos direitos humanos na Nicarágua) e do intelectual e académico Cairo Amador.
Onda de violência e diálogo
Na última semana, a capital nicaraguense, Manágua, foi palco de várias mobilizações de apoio ao plano de diálogo proposto pelo presidente da República, Daniel Ortega, com mediação da Conferência Episcopal, para tentar pôr cobro à onda de violência que assolou o país desde 18 de Abril e que terá provocado cerca de 40 mortos.
Os protestos violentos parecem ter sido desencadeados pela reforma da Segurança Social aprovada pelo governo nicaraguenese dois dias antes, a 16 de Abril. O executivo acusou grupos de «delinquentes» de usarem essa reforma para, «instigados» por determinados sectores da direita, «procurarem obter benefícios políticos por via da desestabilização, do desabastecimento e da escassez de alimentos à população».
No dia 22 de Abril, a medida foi revogada, com o intuito de facilitar o diálogo e ajudar a reestabelecer a paz no país. No entanto, os actos de vandalismo continuam a sentir-se, levando o governo e alguns observadores a defender a ideia de que a reforma da Segurança Social serviu apenas de desculpa para pôr em marcha um «plano de desestabilização», espalhando «o caos e instabilidade» na Nicarágua, com determinados propósitos políticos.
Apesar dos apelos do governo e da Conferência Episcopal da Nicarágua, que assumirá o papel de mediadora e testemunha no diálogo nacional proposto, nos últimos dias registaram-se mais acções de vandalismo em espaços públicos, ataques a populares e a sedes da FSLN, nomeadamente no departamento de Masaya, a sul de Manágua, segundo noticia a TeleSur.
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