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Supremo Tribunal israelita «dá luz verde» a snipers e fogo real em Gaza

O Supremo Tribunal de Israel defendeu o uso da «força letal» contra os palestinianos que se manifestaram de forma pacífica na Faixa de Gaza cercada entre 30 de Março e meados de Maio.

A repressão das forças militares israelitas sobre os manifestantes em Gaza, entre 30 de Março e meados de Maio, provocou mais de 100 mortos e mais de 13 mil feridos
Créditos / Al-Manar

Os três juízes que integram o alto tribunal israelita rejeitaram por unanimidade, na quinta-feira, duas petições apresentadas por grupos de defesa dos direitos humanos exigindo que deixasse de ser possível ao Exército israelita recorrer a franco-atiradores e a fogo real para dispersar protestos de palestinianos na Faixa de Gaza.

De acordo com a informação veiculada pelo Adalah (Centro Jurídico para os Direitos da Minoria Árabe em Israel), o tribunal argumentou que os participantes nos protestos da Grande Marcha do Retorno constituíam «um perigo real para os soldados e os cidadãos israelitas».

Para o tribunal, o uso de fogo real pelos militares israelitas não viola a lei porque, defende, as manifestações se inseriram no conflito que Israel mantém com o Hamas.

Na sexta-feira, o Adalah e o Centro para os Direitos Humanos Al-Mezan, que apresentaram em conjunto uma das petições, emitiram um comunicado sublinhando que Israel deu «luz verde à utilização de snipers e fogo real contra manifestantes palestinianos».

Ambas as organizações acusaram o Supremo Tribunal israelita de ter ignororado por completo «as provas» por elas apresentadas, que incluem «múltiplos testemunhos de feridos e relatos de organizações internacionais envolvidas na documentação» do massacre recente de Gaza, de que resultaram mais de 100 mortos e mais de 13 mil feridos.

Os grupos afirmam que o tribunal «se recusou a ver os vídeos que documentavam os disparos [das forças israelitas] contra os manifestantes e, em vez de examinar o caso, aceitou por inteiro as alegações apresentedas pelo Estado [israelita]».

A outra petição foi apresentada por quatro grupos israelitas de defesa dos direitos humanos. Um deles, Yesh Din, afirmou no Twitter que os «juízes perderam uma oportunidade de impedir a continuação das mortes e injuries».

Proibido fotografar soldados, garantir impunidade

O Knesset decidu esta quinta-feira apreciar uma proposta de lei que visa impedir a documentação fotográfica e videográfica de soldados israelitas em serviço. De acordo com a imprensa israelita, a que a agência Ma'an faz referência, a proposta foi elaborada pelo deputado de direita Robert Ilatov, com o apoio do ministro israelita da Defesa, Avigdor Lieberman.

«Quem filmar, fotografar e/ou registar soldados no exercício das suas funções, com a intenção de minar o espírito dos soldados do Exército israelita e dos habitantes de Israel, incorre numa pena de cinco anos de prisão. Quem procurar prejudicar a segurança do Estado será condenado a dez anos de cadeia», lê-se na proposta.

De acordo com Ilatov, a medida surge «em resposta às pressões exercidas por operacionais de esquerda sobre soldados israelitas quando dispersavam as violentas manifestações do Hamas na fronteira da Faixa de Gaza».

Ilatov diz que «é tempo de acabar com este absurdo» e que os deputados têm a responsabilidade de garantir às tropas israelitas óptimas condições para a execução das suas tarefas, sem se preocuparem com organizações de esquerda».

Com a condenação crescente da repressão israelita sobre a população palestiniana, nos territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, o governo israelita tem respondido com a implementação de medidas que visam silenciar as críticas, também a nível internacional, segundo denunciam as organizações de direitos humanos.

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