Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) cumprem hoje um dia de greve, a segunda este ano, em resposta à posição intransigente do Governo e da administração. Em causa estão os aumentos salariais intercalares, congelados desde 2009.
Em declarações à Lusa, José Manuel Oliveira, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), afirmou que a adesão ronda os 80%. Porém, sindicatos alertam que a empresa tomou medidas contra o protesto.
«A empresa desta vez organizou piquetes anti-greve com quadros intermédios a assegurarem alguns serviços e, nalgumas áreas, pode haver mais comboios do que houve no dia 12, mas isso não significa que estejam menos trabalhadores em greve», afirmou.
O dirigente referia-se ao facto de a IP estar a transferir pessoal dos comboios de longo curso para os urbanos e suburbanos, de forma a contornar os efeitos durante a manhã, colocando chefias nos centros para garantir a circulação nas linhas mais movimentadas. Estes só estão a funcionar com um trabalhador regular, quando o normal são dez. Mesmo assim, «os dados que chegam à Fectrans apontam para grande perturbações em todas as linhas e serviços», afirmou.
Governo «foge ao acordo»
Em comunicado, a ampla frente sindical acusa o Governo e a administração da IP de terem fugido a um acordo nas rondas de negociação, e de, no sábado, perante a possibilidade de tal, entregarem uma proposta de acordo escrita que não correspondia ao que foi discutido.
Segundo José Manuel Oliveira, «quando foi para passar a discussão de dois dias para o papel, fomos confrontados com uma proposta redigida de forma dúbia e pouca clara». O Governo, perante o protesto, afirmou que «há coisas que têm de ser baseadas na confiança entre pessoas».
Sobre a proposta de 11 milhões de euros em salários que a IP afirma ter apresentado em comunicado, lamentando a falta de acordo, o dirigente aponta que «caso tal tivesse acontecido, nós tínhamos assinado logo». Em cima da mesa, acrescenta, estava um «valor de 245 euros por trabalhador, a multiplicar pelos cerca de 3000 na empresa, nunca ia chegar a esse valor».
Em causa, «não se assumia o valor de 25 euros a transitar para a tabela, nem era garantida a aplicação do futuro acordo colectivo de trabalho aos trabalhadores com vínculos à função pública. Por fim, para compensar a diferença entre propostas, propuseram mais uma dispensa, mas com perda de renumeração, o que neste ponto se tornou inaceitável», lê-se no comunicado.
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