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Dezenas de milhares de professores encheram as ruas de Lisboa

Dezenas de milhares de professores e educadores de todo o País vieram este sábado até Lisboa para, numa grande manifestação, exigir a contagem integral de todo o tempo de serviço congelado.

Professores na manifestação nacional em Lisboa, 23 de março de 2019.
Créditos / AbrilAbril

A manifestação nacional de professores, convocada pelas dez estruturas sindicais que compõem a ampla frente sindical, partiu às 15h30 do Marquês de Pombal, com dezenas de milhares de pessoas a descerem a Avenida da Liberdade rumo até ao Terreiro do Paço, local definido para as intervenções finais.

O panorama da manifestação, para quem estivesse no Rossio, era de uma maré de gente a descer uma Avenida da Liberdade completamente cheia, sendo possível estar a ver manifestantes a passar pelo Rossio e, ao mesmo tempo, no topo, pessoas que começavam a descer a avenida.

À frente da manifestação, os professores seguravam uma faixa que pede «respeito e dignidade» mas o que sobressai é o cabeçudo que pretende representar o primeiro-ministro António Costa e que traz ao peito um cartaz «Roubo de 6,5 anos», o tempo de serviço que o Governo quer apagar a estes profissionais.

Aliás, esta é a principal questão realçada por Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof/CGTP-IN), momentos antes do início da manifestação, a qual segundo o mesmo dirigente tem «dois sentidos».

«Por um lado, é uma manifestação de repúdio contra o Governo que decidiu apagar seis anos e meio de trabalho aos professores. Por outro, é uma manifestação de expectativa para com todos partidos políticos, no sentido de irem ao encontro e de se entenderem numa solução para resolver esta questão», afirmou.

Em declarações ao AbrilAbril, Francisco Almeida, professor e dirigente sindical, frisou a mesma ideia, condenando a postura do Governo e a discriminação que este quer impor, visto que nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores a solução foi a contagem total do tempo de serviço.

«É lamentável. Estamos num País em que, para esta questão, existem três sistemas. Os professores e os governos da Madeira e dos Açores conseguiram um acordo que prevê a contagem integral do tempo que trabalhámos, numa recuperação faseada até 2025. No continente querem impor um apagão de dois terços», sublinhou.

Todavia, Francisco Almeida demonstrou-se esperançoso de ser encontrada uma solução na Assembleia da República, assinalando que as propostas de alteração ao diploma já feitas, que propõem uma solução idêntica à da Madeira, vão ao encontro do que é justo e merecido para os profissionais.

Outras questões levantadas pelos manifestantes passaram pelos carregados horários de trabalho, que não cumprem a duração legal semanal e infligem «grande desgaste» sobre os docentes, o acelerado envelhecimento dos professores e os elevados níveis de precariedade nas escolas.

Os dados dos últimos inquéritos colocados aos professores nos plenários das últimas semanas revelam que de 96% dos docentes mantêm a exigência de ver todo o tempo de serviço contado e cerca de 88% não estão dispostos a um faseamento que ultrapasse o prazo adotado na região autónoma da Madeira, ou seja, 2025.

Nesse sentido, o dia 16 de Abril vai ser crucial, data da apreciação parlamentar já anunciada por vários partidos ao decreto do Governo, o qual consagra apenas a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias.

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