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Fenprof convoca protesto para denunciar precariedade e envelhecimento da profissão

Dados dos concursos revelam a manutenção da precariedade de professores com décadas de serviço e a falta de soluções para o necessário rejuvenescimento da profissão.

Acção reivindicativa de professores em defesa da profissão
CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

Para a Federação Nacional de Professores (Fenprof/CGTP-IN), «não é tolerável o Ministério da Educação continuar a ignorar os professores, a desrespeitá-los nos seus direitos socioprofissionais e a bloquear toda e qualquer via de diálogo e de negociação».

Isto mesmo será reiterado junto do secretário de Estado Adjunto e da Educação na reunião convocada pelo Ministério para hoje, sublinha a federação em comunicado.

A estrutura sindical afirma que, por cada iniciativa ou medida que é aprovada na Educação, pede-se cada vez mais aos professores sem, em contrapartida, se melhorar as suas condições de trabalho ou se regularizar os seus horários de trabalho, para que não excedam o limite de 35 horas legalmente estabelecido.

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Fenprof: É urgente rejuvenescer a classe docente

Os professores exigem negociações com o Governo sobre o envelhecimento da classe docente, que representa «um problema para o futuro da profissão», disse o secretário-geral da Fenprof.

CréditosMário Cruz / Lusa

Em declarações à Lusa, no dia em que se realizou o segundo protesto de um conjunto de quatro previstos para o mês de Maio, Mário Nogueira defendeu que, desde o início da legislatura, «o ministro da Educação bloqueou completamente o diálogo e as negociações com as organizações sindicais no sentido de resolver problemas que afectam muito os professores, portanto as escolas e, logo, os alunos».

O protesto, realizado esta quinta-feira em frente ao Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para coincidir com o dia e local em que se realizava o Conselho de Ministros, teve como foco a aposentação e envelhecimento da classe docente.

Nos últimos 20 anos, aumentou o fosso entre os docentes com menos de 30 anos e os que já ultrapassaram os 50 anos, segundo a Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência: mais de 85% dos docentes têm acima de 40 anos e 50% já passaram os 50 anos, enquanto os docentes que têm até 30 anos de idade não chegam a 0,3%.

«Os mais velhos não se conseguem aposentar e os mais novos não conseguem entrar na profissão. Este problema continuará a agravar-se a cada ano que passa. Dentro de poucos anos haverá falta de professores jovens e poderá acontecer o mesmo que noutros países, ter de se contratar docentes com menos qualificações, o que significa um grande retrocesso [na educação]», alertou o dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS/CGTP-IN), Manuel Nobre. 

Para o dirigente do SPZS é necessário dialogar com o Governo para se encontrar uma medida equilibrada que permita «evitar o desgaste acelerado» dos professores que estão a trabalhar até aos 66 anos de idade desde a troika.

Apesar das exigências de negociação por parte dos docentes, o Governo foi acusado de continuar a não dar respostas.

«No ano passado entregámos, por duas vezes, propostas fundamentadas ao Ministério da Educação e este ano voltámos a repetir por duas vezes para darem acesso a um processo negocial. O Ministério até hoje não se preocupou em agendar uma reunião», afirmou Vítor Bento, professor em Almeirim, também presente no protesto.

«Há um bloqueio negocial para qualquer matéria incluindo esta [aposentação e envelhecimento]. Nós temos propostas, nós queremos negociar, mas o Ministério da Educação acha que está tudo bem e vai deixando envelhecer cada vez mais o corpo docente», sublinhou por seu lado Ana Simões, educadora de infância de Olhão.

Para a Federação Nacional de Professores (Fenprof/CGTP-IN), as soluções para o envelhecimento da classe docente passam por tornar mais atractiva a profissão para os jovens, pela aprovação de um regime específico de aposentação dos docentes, pela aposentação voluntária, sem penalização por idade, dos docentes com 40 anos de serviço e de descontos, pela aplicação do regime de pré-reforma e pela consideração de serviço não contabilizado para carreira. 

A Fenprof, em conjunto com outros sindicatos de professores, tem agendados mais dois protestos em Maio que se vão realizar novamente às quintas-feiras (dias 20 e 27), dias em que se reúne o Conselho de Ministros. 

No próximo protesto, dia 20 de Maio, os professores vão manifestar-se por melhores condições de trabalho e eliminação de abusos e ilegalidades nos horários.


Com agência Lusa

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Os professores não aceitam continuar a perder anos e anos de serviço cumprido que não se reflectem no posicionamento na carreira e a ser impedidos de progredir por força de vagas decididas por razões economicistas e não de justiça.

Os docentes queixam-se ainda de terem de trabalhar mais de 40 anos e quase até aos 70 de idade para se poderem aposentar com a chamada pensão completa e de se manterem em situação de precariedade durante dez, 15 e mais anos, sem estabilidade de emprego ou direito a ingressar na carreira.

Face ao que consideram ser uma atitude «anti-negocial» da tutela, a Fenprof promoverá uma acção de rua no próximo dia 25 de Junho, a partir das 13h30, no Rossio, em Lisboa, dirigindo-se os professores e educadores presentes, a meio da tarde, para a Assembleia da República.

Governo aposta na precariedade. Rejuvenescimento adiado.

O perfil dos candidatos que irão vincular em 1 de Setembro não altera o que se passou nos anos anteriores: a sua média de idades é de 46 anos. A média de tempo de serviço prestado por estes docentes supera os 16 anos.

Em nota, a Fenprof analisa as listas divulgadas e garante que o Governo continua sem cumprir com o seu compromisso de rejuvenescer o corpo docente. Sendo esta «uma necessidade premente», o perfil dos candidatos a ingressar nos quadros confirma que o facto de os docentes não terem acesso à pré-reforma, nem a um regime específico de aposentação que permita que se aposentem aqueles que já completaram 40 anos de serviço e descontos, continua a impedir a entrada de docentes mais jovens nos quadros.

Os dados mostram que mais de 24 mil docentes que continuarão em situação de precariedade, apesar de terem mais de três anos de serviço. Com mais de cinco anos, o número é superior a 20 mil, sendo que 11 351 dos quais já ultrapassaram os dez anos e quase cinco mil os 15 anos de trabalho precário. Há 1931 candidatos com 20 ou mais anos de serviço.

A Fenprof insiste na exigência de abertura de um processo negocial destinado a encontrar solução para o problema do envelhecimento do corpo docente, o que passa pela «aposentação dos mais velhos, pela abertura de vagas de quadro para os mais jovens e pela criação de condições de atractividade para a profissão docente».

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