No mês de Abril, a Global Media anunciou que ia entrar em processo de lay-off, abrangendo 538 trabalhadores, para defender a sua sustentabilidade e os «seus quase 700 postos de trabalho directos». Entretanto, foi também alvo da injecção de cerca de um milhão e 65 mil euros por parte do Governo, no âmbito da compra antecipada de publicidade institucional.
No comunicado divulgado ontem, a administração assume que a decisão de despedir 81 funcionários é tomada «na plena consciência dos custos sociais que provoca», mas «na certeza de [...] regressar a um nível económico e financeiro saudável», e ameaçando ser «indispensável ir mais longe nos objectivos de restruturação».
Em Setembro, altura em que Marco Galinha se tornou o novo accionista do grupo Media Capital, através da compra de participações, designadamente do Novo Banco (10,5%), por cerca de quatro milhões de euros, revelava-se que o acordo com a administração previa mais cerca de seis milhões de euros que o empresário de Leiria teria de injectar com vista ao despedimento de 120 pessoas no grupo.
Mandar trabalhadores para o desemprego e reduzir direitos tem sido a receita usada pela Global Media, ao longo do tempo, a que se junta a alienação de património, como os emblemáticos edifícios do DN, junto à rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, e do JN, no Porto.
Ultrapassar dificuldades não passa por despedir
Em reacção ao anúngio do grupo, onde se invocam argumentos como o da «profunda quebra de receitas do sector», o Sindicato dos Jornalistas (SJ) defendeu num comunicado que «os despedimentos e a degradação das condições de trabalho não devem, nem podem, ser a única solução das administrações para resolver as dificuldades económicas» e «compensar perdas em vendas de jornais e publicidade ou investimentos falhados, no quadro de uma gestão irresponsável».
O sindicato frisa que «as redacções das várias publicações periódicas e da TSF já estão demasiado exauridas», e que um novo «emagrecimento» vai, necessariamente, implicar uma redução da informação produzida, com reflexos na qualidade dos conteúdos.
A notícia de mais um despedimento colectivo na Global Media suscitou também uma pergunta da bancada parlamentar do PCP à ministra da Cultura.
A par de questões concretas, como qual foi o valor pago ao grupo no âmbito do lay-off e que medidas serão tomadas pelo Governo face a este despedimento colectivo, os comunistas reiteram que a concentração da propriedade no sector da comunicação social se traduz na degradação das condições de trabalho.
Uma realidade, defendem, «marcada por despedimentos, precariedade, baixos salários, desregulação de horários de trabalho, trabalho extraordinário não pago, instabilidade e pressão».
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