A greve de três dias foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), sendo que o último dia faz parte da greve geral na grande distribuição convocada para a véspera de Natal.
Entre as reivindicações, os trabalhadores do Lidl exigem aumentos salariais justos, que tenham em conta as cargas horárias, o fim da proliferação e da insistência da empresa em funcionar apenas com contratos em part-time, bem como a correcção de várias injustiças, o aumento do subsídio de refeição e a implementação do subsídio do frio (trabalho em arcas frigoríficas).
Em declarações ao AbrilAbril, Ricardo Santos, dirigente do CESP, salientou que o Lidl até realizou aumentos salariais recentemente, que são «valorizados», mas, na última reunião, «a administração do Lidl conseguiu defraudar as expectativas e manteve a mesma linha de não negociação. Chegou, apresentou e disse não ter abertura para mais, quando os trabalhadores sabem bem que tem»
Além disso, o dirigente frisou que os aumentos salariais recentemente anunciados e difundidos pelo Lidl não correspondem bem à realidade. E acrescenta: «Quem não vive a realidade, ilude-se e acredita vivamente que a Lidl é um bom empregador».
«No terreno, os trabalhadores das lojas não ganham esses valores. Em muitos casos ganham 300 e poucos euros, após descontos, em função das cargas horárias que têm. Em maior parte das lojas Lidl é tudo em part-time, têm de estar sempre disponíveis, e os valores que levam depois para casa é com base nisso», afirmou.
«É fundamental a melhoria das condições de trabalho, porque os trabalhadores do Lidl têm de trabalhar no minímo dos minímos e fazer o dobro, ou seja, uma pessoa tem de fazer o trabalho de duas», acrescentou Ricardo Santos.
Segundo o CESP, a empresa procura só contratar a tempo parcial, com cargas de 16, 20 ou 24 horas semanais, por exemplo, além de serem «horários desregulados e irregulares» que não permitem conciliar a vida laboral com a familiar.
Trabalhadores exigem negociação efectiva sem perda de direitos
Na véspera de Natal, os trabalhadores das empresas da grande distribuição vão estar em greve. O protesto tem como objectivo contestar o bloqueio das negociações para a revisão do contrato colectivo de trabalho (CCT) no sector, abrangendo mais de 100 mil trabalhadores e que duram há mais de dois anos.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) é acusada de bloquear as negociações e de, a troco do aumento dos baixos salários, exigir várias contrapartidas, vistas como «inaceitáveis» pelos trabalhadores: redução do valor pago pelo trabalho suplementar e em dia de feriado para metade e a aceitação oficial do banco de horas como prática no sector.
Os trabalhadores exigem o aumento geral dos salários, num mínimo de 40 euros, de forma a repor o poder de compra perdido desde 2010, o fim da tabela B, que prevê menos 40 euros de salário em todos os distritos, excepto Lisboa, Porto e Setúbal, e a progressão automática dos operadores de armazém até ao nível de especializado.
Outras reivindicações passam pelo fim da precariedade, dos horários de trabalho completamente desregulados e dos ritmos de trabalho extenuantes que impedem a conciliação com a vida familiar, além do fim da discriminação salarial entre trabalhadores com as mesmas funções.
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