A greve dos trabalhadores do parque de madeiras da fábrica de Mangualde da Sonae Arauco levou à paragem total da produção desde a madrugada de quinta-feira, anunciou o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos, Construção, Madeiras, Mármores e Similares da Região Centro (Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Construção do Centro)/CGTP-IN.
Em declarações à Agência Lusa citadas pelo Jornal do Centro (Viseu), Luís Almeida, da direcção do sindicato, afirmou ter-se registado uma «adesão de 100%» por parte dos 19 trabalhadores do parque de madeiras, aos quais se juntaram «outros trabalhadores que também se sentem discriminados», nomeadamente condutores/empilhadores e trabalhadores das prensas, num total de 26 funcionários.
A greve de 48 horas, contra as «fortes discriminações salariais» de que estes trabalhadores dizem estar a ser vítimas, arrancou às 22h de quarta-feira e terminou às 22h de sexta-feira. Três horas depois do início do protesto «a fábrica parou», afirmou Luís Almeida.
«Não há calor, não há produção de aglomerados de madeira», sustentou, explicando serem os trabalhadores do parque de madeiras que alimentam a caldeira da qual a fábrica está dependente para laborar.
O Jornal do Centro dá conta de um comunicado da administração da Sonae Arauco em que esta admite que «a produção foi parcialmente afectada pela paralisação» no parque de madeiras, embora sustente que a fábrica se manteve em funcionamento.
Entretanto o sindicato apresentou queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) – cuja inacção critica – por uma alegada substituição, por parte da empresa, de trabalhadores em greve.
Em causa
A origem da luta reside, segundo o Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Construção do Centro, nos assimétricos aumentos salariais aplicados pela Sonae Arauco em 2019, citando como exemplo os casos dos trabalhadores das prensas e da caldeira, que receberam 200 euros de aumento em média, e dos funcionários do parque de madeiras, que apenas receberam 20 euros. Estes, segundo Luís Almeida, «sentiram-se discriminados e resolveram parar». Ainda segundo o sindicalista, contabilizando os subsídios de turno e outros, proporcionais ao salário base, os trabalhadores do parque de madeiras «já estão a receber quase menos 400 euros do que os outros».
A empresa sustenta que «as diferenças salariais apontadas» correspondem a «postos de trabalho distintos, que requerem qualificações que não são equiparáveis» e afirma, segundo o Jornal do Centro, manter-se aberta ao diálogo.
A resposta não satisfaz os trabalhadores. O sindicato aguarda um contacto da administração da Sonae Arauco mas, nesta segunda-feira, dia 21 de Outubro, «vai entregar um novo pré-aviso de greve por tempo indeterminado às horas extraordinárias e um [outro] para os dias 06, 07 e 08 de Novembro».
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