Com autocarros confirmados de todos os distritos do País, a Interjovem (CGTP-IN) promete para amanhã uma grande manifestação nacional, trazendo para as ruas as várias lutas que se desenvolvem nas empresas. O protesto parte às 15h do Rossio em direcção à Assembleia da República.
Para além de assinalar o Dia Nacional da Juventude, o protesto tem como objectivo contestar a enorme precariedade sentida pelos jovens nos seus locais de trabalho e que se reflecte nos baixos salaŕios e falta de estabilidade, decorrente dos vínculos precários e horários desregulados.
Em comunicado, a Interjovem afirma que milhares de jovens, por via reivindicativa e da «luta organizada nos sindicatos da CGTP-IN», têm passado a efectivos nas suas empresas. Todavia, a estrutura denuncia que «o Governo minoritário do PS» quer aprovar alterações à lei laboral que legitimam e aprofundam a precariedade.
A proposta do Governo, decorrente do acordo assinado com patrões e a UGT, prevê, entre as medidas, o alargamento do período experimental para 180 dias, a introdução do banco de horas grupal, que «oferece 150 horas de trabalho gratuito aos patrões», bem como estende os contratos de muita curta duração para 35 dias e alarga-os a todos os sectores.
Por outro lado, a Interjovem sublinha que o Executivo do PS mantém as «normas gravosas» do Código do Trabalho, como a caducidade da contratação colectiva, usada pelos patrões para «chantagear e retirar direitos», e a não reposição do tratamento mais favorável ao trabalhador.
1 milhão e 200 mil trabalhadores têm vínculos precários
Em comunicado, a CGTP-IN afirma que a precariedade é neste momento o principal problema e flagelo da juventude, tendo impactos profundos no desemprego, na vida pessoal, responsável ainda pela baixa natalidade e os problemas demográficos com que o País se confronta.
Citando dados do Fundo de Compensação do Trabalho, a Intersindical sublinha que 55% do emprego criado entre 2016 e 2018 foi através de vínculos precários. Entre os jovens, «a precariedade atinge 41,5% dos menores de 35 anos e, entre estes, são as mulheres as mais afectadas, sendo a taxa de incidência das jovens trabalhadoras com menos de 25 anos de 66%».
A CGTP-IN frisa ainda que «muito do emprego criado é também mal pago», sendo que 40% dos novos postos de trabalho em 2018 tinham o salário mínimo nacional. Nesse sentido, a estrutura volta a frisar que a recente subida foi insuficiente, tendo à altura defendido os 650 euros para todos, seja no público ou no privado.
Por outro lado, denuncia que, nas empresas de trabalho temporário, as principais beneficiárias pelo flagelo, a precariedade «atinge a quase totalidade dos trabalhadores, os salários são baixos, mas a facturação cresceu mais de 50% desde 2013», com estas empresas a atingirem lucros recorde nos últimos anos.
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