O plenário nacional de dirigentes, delegados e activistas sindicais das empresas de distribuição reuniu nesta sexta-feira, 28 de Novembro, para decidir sobre a continuação da luta pela negociação do Contrato Colectivo de Trabalho (CCT) do sector, informa o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN).
O plenário realiza-se depois de uma reunião de conciliação falhada no Ministério do Trabalho, no passado dia 11 de Novembro, em que as grandes empresas de distribuição insistiram na apresentação de uma proposta considerada «provocatória» pelos sindicatos.
Os representantes dos trabalhadores, segundo o CESP,
- «constataram a manutenção da postura da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição)» em quererem manter um «modelo inaceitável de salários de miséria e de brutal exploração dos trabalhadores, traduzida por «longos e desregulados horários de trabalho, falta de trabalhadores, ritmos de trabalho brutais, precariedade e pressões e repressão sobre os trabalhadores»;
- «reafirmaram a justeza das reivindicações», constantes da proposta sindical, nomeadamente o «aumento de 90€ (3€/Dia) para todos os trabalhadores em Janeiro de 2020, a valorização das carreiras, profissões e qualificações dos trabalhadores, o fim da Tabela B e a correcção da carreira de operador de armazém»;
- previnem que, caso a APED mantenha, tal como tem vindo a acontecer, uma «postura de bloqueio à negociação, vão continuar e intensificar a luta nos meses de Dezembro e Janeiro com plenários, plenários com saída à rua, concentrações e greves em todas as empresas de distribuição, e realizarão uma acção nacional de luta de todo o sector em data a definir.
A desvalorização do trabalho na grande distribuição:
- em 2009 os operadores, escriturários e vigilantes especializados recebiam 155 euros acima do SMN
- em 2019, esse valor reduz-se a 26,79 euros – traduzindo a enorme perda de poder de compra e de valorização da qualificação dos trabalhadores sentidas nos últimos anos;
- a «proposta» apresentada pela APED é inferior aos salários praticados e, com o aumento do SMN para 635€ em Janeiro de 2020, quase todos os trabalhadores, nomeadamente os que
têm 10, 15, 20 anos de antiguidade, ficariam com o SMN ou muito próximos dele.
O plenário aprovou por unanimidade uma resolução contendo estes pontos e «deslocou-se em desfile à sede da associação patronal» para entregá-la.
Na resolução, que está disponível na íntegra na página do CESP, refere-se que «após 38 meses de negociação», a associação patronal das grandes empresas insiste «na desvalorização e ainda maior exploração de quem todos os dias se dedica nos locais de trabalho, ou seja, os trabalhadores», e apresenta uma «proposta de revisão da tabela salarial inaceitável».
Nomeadamente, o CESP acusa a APED – que tem as empresas mais lucrativas do sector como presidente (Sonae) e vice-presidentes (Jerónimo Martins e Auchan) – de oferecer salários na ordem dos 600 euros a «todos os operadores, escriturários e vigilantes até ao nível de especializado», quando o Salário Mínimo Nacional (SMN) será de 635 euros a partir de Janeiro de 2020, como é já conhecido.
Além disso, os patrões insistem na «introdução de um regime de banco de horas, com previsão de 180 horas anuais de trabalho a mais gratuitas» e na «redução do valor pago pelo trabalho extraordinário».
Caso as empresas de distribuição e a APED não alterem a sua poção na na próxima reunião de conciliação, a 9 de Dezembro de 2019, O CESP previne que os trabalhadores irão «intensificar a luta durante os meses de Dezembro e Janeiro», ficando o secretariado das empresas de distribuição «mandatado para convocar uma acção geral de luta» dos trabalhadores no sector.
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