Termina hoje a greve de dois dias convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), com uma adesão que chegou aos 90% nos blocos operatórios, 70% nas consultas externas hospitalares e 80% nos cuidados de saúde primários, segundo dados da Federação.
Em comunicado, a Federação congratula todos os médicos que «manifestaram o seu descontentamento em relação às actuais políticas de saúde, responsáveis pela destruição do Serviço Nacional de Saúde».
Em declarações aos jornalistas, João Proença, presidente da FNAM, responsabiliza as políticas aplicadas ao longo de décadas e que considera urgente reverter. «Ou a política de saúde muda ou acabam os serviços de saúde públicos», frisa.
O dirigente alerta para o perigo de deixar a Saúde nas mãos dos privados, que «têm em vista o lucro», sublinhando que «tudo o que não dá lucro, como a Oncologia ou a Infecciologia, os privados não querem».
Na convocatória da greve, onde se elencavam as reivindicações destes profissionais, como a revisão das carreiras e das grelhas salariais, o limite de 12 horas em trabalho de urgência dentro do horário normal e o reajustamento das listas de utentes dos médicos de família, considerava-se que «muito pouco se avançou» nestes quatro anos. Salientava-se, pelo contrário, que a precariedade do trabalho médico se vai acentuando, fruto da falta de investimento.
Os clínicos reforçam que o protesto tem também como objectivo garantir os cuidados de saúde dos utentes e «a qualidade do Serviço Nacional de Saúde, público e universal», tendo apelado à sua compreensão e solidariedade.
Acusam ainda a gestão do Ministério da Saúde, que recusa negociar com os sindicatos médicos a valorização dos profissionais e o reforço do investimento nos meios, mas gasta milhões em empresas prestadoras de serviços.
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