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Os jovens são as maiores vítimas da pandemia no mundo do trabalho

Um estudo divulgado esta sexta-feira revela que são os jovens trabalhadores, e em particular as mulheres, quem mais tem sofrido, no último ano, com as consequências nefastas no direito ao trabalho.

CréditosRodrigo Antunes / Lusa

O estudo Desemprego e Precariedade Laboral na População Jovem: Tendências Recentes em Portugal e na Europa é assinado por três investigadores do Observatório das Desigualdades, do Centro de Estudos e Investigação em Sociologia (CIES), estrutura do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Inês Tavares, Ana Filipa Cândido e Renato Miguel do Carmo.

Nas conclusões aponta-se que, «em 2020, na Europa e em Portugal, verificou-se um aumento do desemprego jovem, relativamente a 2019, mais 1,7 pontos percentuais (pp) e 4,3 pp, respectivamente». No País, a taxa de desemprego para os jovens com menos de 25 anos era de 22,6%, mais 5,8 pp que a média da União Europeia (UE) e 15,7 pp que a nacional.

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Aumento do desemprego não se pode esconder com «ocupados»

O número de inscritos no IEFP não pára de crescer e se se tiver o número de desempregados que são retirados das contas oficiais por estarem «ocupados», a taxa de desemprego é hoje de, pelo menos, 10,9%.

CréditosRodrigo Baptista / Agência LUSA

Mais de um ano após o início da pandemia no País, o nível de desemprego tem registado um aumento preocupante. Circunstância que revela que as medidas mitigadoras tomadas pelo Governo foram importantes, mas insuficientes.

Veja-se que o desemprego registado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) atingiu no total do País, no passado mês de Março, 432 851 trabalhadores, mais 1008 desempregados em relação ao mês de Fevereiro passado (+0,2%) e mais 89 090 do que em Março do ano passado 2020 (+25,9%).

Este é o número mais elevado de desempregados inscritos no IEFP  desde Abril de 2017. Não obstante, este número revela apenas aqueles trabalhadores que se encontram registados nos centros de emprego, não estando nestas contas aqueles que estão «ocupados» em formações profissionais, nem tão pouco os muitos milhares que não estão registados.

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Desemprego afectou sobretudo mais jovens e menos qualificados

Os dados avançados pelo INE confirmam aquilo que já se previa: 70% dos trabalhadores que perderam o emprego são jovens, menos qualificados e com salários mais baixos.

Jovens trabalhadores, nas ruas pelos seus direitos e pelo seu futuro
foto de arquivo Créditos

Os números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) reportam-se ao período entre o fim de 2019 e o final de 2020, marcado pela crise económica e social associada à pandemia.

A precariedade, os baixos salários (dois elementos que afectam com mais incidência os mais jovens) e a falta de qualificações são os factores que mais contribuíram para que os trabalhadores perdessem o seu trabalho.

Em contraponto, os trabalhadores com vínculos mais estáveis, com mais qualificações e salários mais altos, em particular aqueles cujas funções estão associadas à tecnologia, mantiveram, em regra, o emprego. Os dados do INE revelam ainda que o apoio do lay-off simplificado terá sido decisivo para a manutenção destes empregos.


No entanto, há sete grupos profissionais que sofreram uma perda líquida de empregos na ordem dos 270 mil postos de trabalho. Entre estes estão, por exemplo, os trabalhadores de serviços pessoais, segurança e vendedores e trabalhadores menos qualificados.

Mas foram os sectores do comércio, por grosso ou retalhista, assim como das oficinas de reparação de veículos que perderam empregos, fixando-se em menos 48,3 mil postos de trabalho. Também na área dos alojamentos e hotelaria a destruição de emprego ascende a 48,1 mil empregos perdidos.

Como já foi referido, a desprotecção resultante de vínculos precários, que afecta sobretudo os trabalhadores mais jovens, é o grande factor para que estes trabalhadores engrossem, em primeiro lugar, as filas do desemprego, registando-se menos 124 mil pessoas com contratos a prazo, uma quebra de quase 18%.

Os trabalhadores com menos de 25 anos sofreram uma perda de trabalho superior a 18%, havendo ainda menos 56 mil pessoas empregadas nestas idades do que antes da pandemia.

Não obstante, há áreas em que se registou um aumento do nível de emprego, em particular em actividades intelectuais e científicas, o que abrange médicos, enfermeiros, professores e engenheiros informáticos, entre outros. São 181 mil os novos empregos criados nestas áreas, o que se traduz num aumento homólogo de quase 19%.

Recorde-se que uma das exigências da CGTP-IN desde o início da pandemia, e à qual o Governo não quis dar resposta, tem sido a da proibição dos despedimentos.

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De facto, um dos dados revelantes a considerar nesta equação é o número de «ocupados». São trabalhadores que estão integrados em programas de emprego ou formação profissional e que correspondiam no mês de Março passado a 114 146, mais 2611 do que em Fevereiro (+2,3%) e mais 29 899 do que em Março de 2020 (+35,5%).

Ora, este é o número mais elevado de ocupados por programas do IEFP desde o início de 2019. Assim, se somarmos aos desempregados registados nos centros de emprego o número de «ocupados», concluímos que, de acordo com os dados do IEFP, em Março estavam desempregadas 546 997 pessoas.

Por um lado, os números do desemprego mensalmente disponibilizados pelo IEFP não reflectem a totalidade do desemprego no País, uma vez que há muita gente desempregada que não está registada. Por outro, o número de desempregados retirados dos dados do IEFP permite concluir que a taxa de desemprego é hoje de, pelo menos, 10,9%. Número consideravelmente superior aos 6,9% das estatísticas oficiais e muito mais próximo da chamada taxa de subutilização do trabalho.

Continua a aumentar o número de casais desempregados

O número de casais com ambos os elementos inscritos nos centros de emprego aumentou 18,1% em Março  (+1069 casais) do que no mês homólogo de 2020 e mais 1% (+72 casais) em relação ao mês anterior. No total são já 6971 casais nesta circunstância.

De acordo com o IEFP, do total de desempregados casados ou em união de facto, 13942 (8,6%) têm também registo de que o seu cônjuge está igualmente inscrito num centro de emprego.

Recorde-se que o IEFP começou a divulgar informação estatística sobre os casais com ambos os elementos desempregados em Novembro de 2010, altura em que havia registo de 2862 destas situações.

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Mas este aumento também se verificou em termos absolutos, algo que não se passava desde 2013 em relação ao grupo com menos de 25 anos e desde 2012 no grupo etário 25-34 anos. Em suma, o desemprego jovem aumentou acima do que se verificou nos outros grupos etários, o que se traduziu no agravamento do seu peso relativo, tendência que, aliás, já se verificava desde 2018.

Da mesma forma, a percentagem de jovens que não estuda nem trabalha, que estava em queda desde 2013, inverteu a tendência e aumentou em 2020.

Por outro lado, o grupo entre os 15 e os 24 anos foi o mais afectado no trabalho temporário, com a maior parte dos Estados-membros da UE a registar uma diminuição da proporção de jovens nesta situação relacionada com o aumento do desemprego.

Esta faixa etária é também aquela que tem uma incidência do trabalho a tempo parcial mais elevada, quando comparado com os outros, com cerca de 20%.

De acordo com os investigadores, «Portugal é o quinto país com os maiores níveis de trabalho temporário involuntário entre os jovens e o sétimo com mais jovens a trabalhar em part-time por falta de alternativas».

Foi ainda possível concluir que, nos países da UE, «tendencialmente, as mulheres jovens têm proporcionalmente mais contratos temporários e trabalham mais em part-time que os homens».


Com agência Lusa

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