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Quando os jornalistas são notícia: trabalhadores da Lusa avançam com greve

As negociações chegaram a um impasse na Lusa, única agência de notícias em Portugal: a administração recusa-se a aceitar aumentos salariais acima dos 35 euros. Trabalhadores vão parar entre 30 de Março e 2 de Abril.

Reunidos em plenário no dia 15 de Março de 2023, dezenas de trabalhadores da Agência Lusa, agência pública de notícias (50,15% do Estado português, 23,36% da Global Media, de Marco Galinha), decidiram avançar com quatro dias de greve: entre os dias 30 de Março e 2 de Abril. Lisboa
Créditos / SITE CSRA/CGTP

«O Ministério das Finanças não respondeu ao pedido de audiência e o Ministério da Cultura [liderado por Pedro Adão e Silva] remeteu a responsabilidade para a administração, dizendo que o Governo, que detém 50,15% do capital social da Lusa, não tem disponibilidade para aumentar a indemnização compensatória», refere o comunicado do Sindicato dos Jornalistas (SJ).

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Trabalhadores da Lusa exigem resolução de problemas

Os trabalhadores da Agência Lusa, reunidos ontem em plenário, consideraram a situação da empresa «preocupante» por estar a funcionar em «sobrecarga e sem estratégia», e instaram o Conselho de Administração e a Direcção de Informação a tomarem uma posição pública.

Redacção da Agência Lusa
Créditos / Agência LUSA

Os trabalhadores da Lusa «instam a presidente do Conselho de Administração e a Direcção de Informação (DI) a tomarem uma posição pública sobre a situação da empresa e a necessidade de garantir um serviço público informativo e noticioso de qualidade», salienta a moção aprovada sobre a situação geral da empresa.

Qualquer solução dos problemas da Lusa deve conjugar «de forma indissociável» as questões do financiamento da empresa com as da sua estratégia e da sua liderança, refere o documento.

Os trabalhadores pretendem que as contratações e nomeações futuras sejam norteadas por critérios «técnicos, transparentes, objectivos e públicos».

Vincando a ausência de uma perspectiva de solução para os problemas, que «não são de agora e se arrastam», os trabalhadores lamentam a «oportunidade perdida» pelo Governo actual «para corrigir com ganhos os cortes orçamentais superiores a 30% que provocaram a saída de 10% dos trabalhadores, a degradação dos vínculos laborais, designadamente da rede internacional, a redução da produção, a ameaça de criação de um Portugal invisível e um funcionamento em sobrecarga da estrutura restante».

Por esse motivo, criticam a «desorientação» do Governo, dada a sucessão de «episódios infelizes e declarações e práticas contraditórias».

«Rejeitam a desvalorização dos problemas pela presidente do Conselho de Administração, que continua a garantir o cumprimento do contrato, minimizando o facto de tal só ser conseguido à custa do esforço e sacrifício dos trabalhadores da Lusa e da qualidade do produto Lusa», frisa a moção.

Os trabalhadores denunciam ainda a «passividade» da DI por continuar a acreditar que lhe serão atribuídos os meios necessários e a sua «falta de critério» evidenciada pelas alterações propostas na redacção.

Além desta moção, os trabalhadores aprovaram uma outra sobre os trabalhadores com vínculos precários, saudando a sua adesão ao Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVAP).

Na moção, os trabalhadores recomendam à administração da Lusa que reforce o processo da sua integração na empresa, através da comunicação de situações que ainda não tenham sido objecto de requerimento, mas que correspondam a necessidades permanentes. Defendem ainda o tratamento preferencial destes trabalhadores em futuros processos de contratações para o quadro da empresa, realçando o seu «contributo fundamental».


Com Agência Lusa

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«O Governo que promove a Agenda do Trabalho Digno é o mesmo que, na prática, considera que os trabalhadores da Lusa não são dignos de terem salários valorizados».

A decisão de avançar com uma greve de quatro dias (de 30 de Março a 2 de Abril), em resposta à obstinação do Governo PS e as empresas com capital na Lusa (nomeadamente a de Marco Galinha), foi aprovada em plenário realizado no dia 15 de Março com os votos favoráveis de 155 trabalhadores e apenas uma abstenção.

As reivindicações dos trabalhadores da Agência Lusa são simples: com os salários congelados há 12 anos, são exigidos aumentos de 120 euros (o equivalente a dez euros por cada ano), o mínimo que a administração pode fazer para gratificar as centenas de trabalhadores que nunca deixaram de garantir o funcionamento da agência.

Em causa está também a actualização do subsídio diário de refeição, pago em cartão, para o valor máximo não tributável, bem como a criação de um subsídio parental de 100 euros por cada filho, a ser pago juntamente com a retribuição do mês seguinte ao do regresso da licença parental, entre outras reivindicações.

Para além do SJ, estão envolvidos os sindicatos dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA/CGTP-IN) e dos Trabalhadores do Sector de Serviços (SITESE/UGT).

A Lusa, como única agência de notícias portuguesa de âmbito nacional, tem como objectivo a recolha e o tratamento de material noticioso ou de interesse informativo com jornalistas espalhados por todos os continentes. Os trabalhadores consideram que o princípio de «informação fidedigna e de serviço público (…) ditam que seja essencial que a Lusa mantenha padrões de respeito e valorização dos seus trabalhadores».

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