Costureiras com décadas de serviço a ganharem 2 ou 3 euros acima do salário mínimo

Trabalhadoras da Huber Tricot exigem aumentos salariais

As trabalhadoras da Huber Tricot fizeram greve por um aumento mínimo de 40 euros no salário e melhores condições de trabalho.

Trabalhadoras da Huber Tricot concentradas à porta da empresa, Santa Maria da Feira, 7 de Abril
Créditos / Fesete

Hoje foi dia de greve nesta empresa de confecção de roupa interior, em Santa Maria da Feira, onde costureiras com décadas de serviço ganham apenas «2 ou 3 euros acima do salário mínimo», informou Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN, em declarações à agência Lusa durante a concentração realizada pelas trabalhadoras à porta da empresa.

Arménio Carlos afirma que a Huber Tricot tem condições financeiras para aumentar a remuneração dos seus cerca de 260 funcionários, dos quais 95% são mulheres e cerca de 60 estão em situação de precaridade.

«Há necessidade, portanto, de se melhorar os salários deste setor, que está em alta do ponto de vista da produção e das exportações, logo tem mais negócio e mais lucros, mas não os está a distribuir adequadamente pelos trabalhadores», sublinha.

Isabel Tavares, dirigente sindical da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado e Peles de Portugal (Fesete/CGTP-IN), explicou à Lusa o contexto da Huber Tricot : «A empresa só produz para exportação e tem recorrido sistematicamente a trabalho extraordinário. Pede horas extras de Janeiro a Dezembro e, se as pessoas quiserem, trabalham praticamente 50 horas por semana. Mas ainda agora o aumento de salário de uma costureira especializada foi só de 559 euros para 561 - ou seja, o aumento limitou-se a 2 euros por mês».

O secretário-geral da CGTP-IN denuncia ainda a intensificação dos ritmos de trabalho, que, segundo afirma,  não só origina a desregulação dos horários e a pressão sobre os trabalhadores com maior dificuldade em articular a vida profissional com a familiar, como também cria um desgaste acentuado do ponto de vista físico e psíquico, muitas vezes associado a doenças profissionais.

As trabalhadoras marcaram plenário para o próximo dia 13 de Abril, onde vão decidir «o desenvolvimento próximo da luta e votar uma moção para enviar à empresa, sediada na Áustria», informa a Fesete.

Esta greve está enquadrada na «Semana de Luta Reivindicativa» no sector têxtil, vestuário e calçado, que decorreu entre 3 e 7 de Abril, organizada pela Fesete e os seus sindicatos filiados, «pela melhoria dos salários dos trabalhadores, em particular os da produção e pela aplicação dos direitos plasmados nos contratos colectivos sectoriais».

Com agência Lusa

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