A concentração de protesto, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), decorreu na manhã de anteontem, junto a uma das entradas do centro comercial de Lisboa.
Os trabalhadores do hipermercados Auchan – que agrupa as ex-marcas Jumbo e Pão de Açucar – denunciam que, apesar dos anúncios do aumento das vendas e da margem de lucros em 2017, esta mantém os baixos salários e continua a ter dos «piores horários do sector».
Entre as reivindicações, exigem o aumento dos salários, horários estáveis que permitam a conciliação da vida profissional com a familiar, além do pagamento das horas ilegalmente descontadas em dezembro.
Em comunicado, o CESP aponta que «há quem trabalhe na empresa há 15, 30, 45 anos a ganhar o mesmo que os trabalhadores com 9 anos de casa» e que, em termos de aumentos salariais, houve uma actualização de cinco euros, mas apenas para alguns, deixando de fora muitos outros.
A estrutura afirma ainda que a Auchan não pode continuar a alimentar o fosso de discriminação salarial entre trabalhadores com a mesma categoria, nem a descontar minutos dos salários. Esta tem também que «pagar o feriado e o domingo quando coindem no mesmo dia» e tão pouco pode continuar a não cumprir os acordos, nomeadamente o pagamento do complemento de doença e o gozo das quase cinco horas que os trabalhadores têm por mês para assuntos pessoais.
Trabalhadores unidos contra chantagem patronal
Os trabalhadores da Auchan, à semelhança dos restantes colegas do sector, exigem o fim da chantagem patronal nas negociações do contrato colectivo de trabalho do sector, protaganizada pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
O grupo Auchan, vice-presidente da APED, diz que não está a bloquear a negociação do Contrato Colectivo de Trabalho (CCT). Todavia, os trabalhadores contrapôem afirmando que, «apesar da retoma económica e dos lucros publicitados» a empresa só fez «actualizações salariais de miséria à maioria dos trabalhadores e a outros não deu nada».
Com greve marcada para 12 de Setembro, em toda a grande distribuição, os trabalhadores reivindicam o aumento geral dos salários, o fim da tabela B, que prevê menos 40 euros de salário em todos os distritos excepto Lisboa, Porto e Setúbal, e a progressão automática dos operadores de armazém até ao nível de especializado.
A APED, representante das grandes cadeias de distribuição, é acusada de bloquear as negociações para a revisão do contrato colectivo de trabalho do sector, um processo que se arrasta desde Setembro de 2016. Esta exige, a troco do aumento dos salários, várias contrapartidas: a redução para metade do valor pago pelo trabalho suplementar e em dia de feriado e a aceitação oficial do banco de horas como prática no sector.
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