Os trabalhadores da Hutchinson Porto realizaram plenários «para analisar os aumentos salariais aplicados de forma administrativa pela empresa», informa, numa nota publicada esta quinta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte/CGTP-IN).
Os encontros registaram «uma elevada participação», tendo neles ficado patente o «enorme descontentamento face aos aumentos aplicados», bem como à «ausência de respostas ao conjunto de reivindicações» incluídas no caderno que foi «apresentado e aprovado pelos trabalhadores», revela a estrutura sindical.
Foi também por isso que os trabalhadores decidiram, por unanimidade, realizar uma concentração, esta quinta-feira, à porta da empresa, em Valongo.
«Tempo de dizer basta»
Na resolução aprovada dia 13, os trabalhadores sublinham que estão «em luta por melhores salários e por uma resposta efectiva às [suas] justas reivindicações»; exigem aumentos salariais «dignos e justos», com valores nunca inferiores à actualização do salário mínimo para todos os trabalhadores; reclamam «respostas concretas ao conjunto de reivindicações que constam do caderno reivindicativo», nomeadamente o seguro de saúde para todos os trabalhadores, o suplemento de antiguidade e o dia de aniversário.
Os trabalhadores da Hutchinson Porto destacam que a empresa tem «todas as condições para atender positivamente às suas reivindicações», e, para tal, pretendem que se inicie uma verdadeira negociação entre as partes, tendo decidido, juntamente com o seu sindicato, levar a cabo no próximo mês a realização de plenários, nos quais, revela o SITE Norte, irão discutir e encetar novas formas de luta, caso não haja desenvolvimentos até lá.
Contra os baixos salários, a perda do poder de compra e o empobrecimento a trabalhar
No documento, os trabalhadores reafirmam a rejeição da «política de baixos salários que [lhes] querem impor, que, de uma maneira geral são absolutamente miseráveis, ainda mais [tendo] em conta que a empresa tem vindo a facturar milhões nos últimos anos».
Do mesmo modo, voltam a afirmar que não aceitam «continuar a perder poder de compra, que o aumento salarial não tem acompanhado no mínimo a evolução do Salário Mínimo Nacional e que, por este andar, não tarda [serão] todos trabalhadores de salário mínimo». E acrescentam: «Mesmo trabalhando e dando o melhor de nós todos os dias em prol da empresa, não saímos do limiar da pobreza.»
Lembram ainda a «postura de diálogo entre as partes» mantida por trabalhadores, Comissão Sindical e sindicato ao longo dos anos, bem como o facto de terem estado «sempre disponíveis» para as «necessidades da empresa», nomeadamente durante a pandemia.
Agora, afirmam, vêem-se confrontados com a «falta de reconhecimento e valorização», e como todo esse esforço «é em vão».
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