A Bienal de Arte e Tecnologia INDEX regressou a Braga, na sua segunda edição em maio de 2024, explorando uma vez mais, no campo das Media Arts, a relação entre Arte e Tecnologia a partir de um ponto de vista singular, nos diferentes eixos programáticos de Performance, Conferências, Exposição e Educação. O INDEX 2024 esteve integrado no programa das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, procurando este ano, através do conceito de Convivência, «estabelecer relações entre tecnologia, democracia e liberdade… olhando para a tecnologia como um elemento disruptivo dos tempos em que vivemos, ao mesmo tempo em que observamos o seu potencial como instrumento a serviço da democracia, da liberdade, da ética e do respeito ao humano e ao não humano.»
Uma das peças inserida no programa INDEX 2024 – Bienal de Arte e Tecnologia é «Stranger to the Trees» de Kat Austen1, instalada no espaço gnration2 em Braga, que pode ser visitada até 17 de agosto. Esta obra de multimédia, que combina vídeo, som interativo e escultura, «questiona a resposta dos ecossistemas florestais à dispersão ubíqua e irrevogável de microplásticos na Terra», segundo o texto da exposição. Acrescentando que «"Stranger to the Trees" baseia-se numa extensa investigação interdisciplinar que examina a relação de incorporação e rejeição entre o plástico e as árvores. Este trabalho resultou num artigo científico com revisão de pares, que mostra que os microplásticos passam do solo para as raízes das árvores. Foi a primeira vez que uma publicação científica relatou este fenómeno nas árvores, importantes organismos sequestradores de carbono, no contexto global de poluição causada pelos seres humanos.»
A II Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes irá decorrer em Macedo de Cavaleiros, alargando-se este ano a outros polos artísticos da região como Vinhais, Alfândega da Fé e Freixo de Espada à Cinta, que podem ser visitados até ao dia 30 novembro de 2024. Com o tema «Linha de Água», pressupondo desde logo uma forte ligação às preocupações ambientais da sustentabilidade, a Bienal de Trás-os-Montes «é um evento que visa criar um espaço de criação e reflexão artística contemporânea, explorando a singularidade das artes e do património da região», segundo a organização desta Bienal que conta este ano com a participação de 150 artistas, nacionais e internacionais, estando representados artistas de Espanha, Reino Unido, Bélgica, Colômbia, Chile, Austrália, Porto Rico e Coreia do Sul..
Inês Falcão, diretora artística da Bienal, salientou que houve, nesta edição, a preocupação de apresentar artistas locais e emergentes, assim como desenvolver algumas intervenções artísticas, em conjunto com a comunidade local, em diversas aldeias, referindo Podence, Santa Combinha, Vale de Prados, Salselas e Vale da Porca. Jaime Silva, que este ano comemora 50 anos de carreira, Zulmiro de Carvalho, Isabel Sabino, Cabral Pinto, Elizabeth Leite, Miguel Neves de Oliveira, Miguel Moreira e Silva, Cláudia Pinheiro, Luís Silva e Nogueira de Barros, são alguns dos artistas nacionais presentes na Bienal de Trás-os-Montes. Dos artistas internacionais, destacamos Javier Tudela, Kiran Katara, entre muitos outros, representados nesta Bienal.
Ágata Rodrigues, António Meireles, Guilherme Fonseca, Jaime Silva, Jorge da Costa, Luís Rodrigues, Miguel Silva, Natália Fauvrelle e José Barbosa são os curadores que apresentam as diversas propostas de projetos artísticos para as exposições, intervenções, residências e oficinas do programa da Bienal.
Dos projetos apresentados destacamos a exposição «Alma Da Minha Terra» com a curadoria de Jaime Silva, onde participam 25 artistas, estará patente no Auditório Municipal3 e no Convento de São Filipe Nery de Freixo de Espada à Cinta e que propõe «uma aproximação aporética à arte contemporânea», na qual referimos as propostas artísticas de Ana Wever, Ana Lima Netto, Carlota Mantel e Amado Harris. Assinalamos ainda a exposição «Arte pelo Território» proposta pela curadora Ágata Rodrigues, que se foca na «interligação entre o Homem e a Natureza» e a exposição «Arte Rio Acima» com a curadoria de Guilherme Fonseca, que procura «construir pontes entre o litoral e o interior», apresentando obras dos artistas Ilídio Fontes, Ângelo Ribeiro, Luís Silva e Afonso Pinhão Ferreira.
A Sala de Exposições do Maus Hábitos4, no Porto, acolhe a exposição «Make Feminine» de Letícia Maia, até 22 de junho. Este projeto artístico, além da exposição, que apresenta fotografia, vídeo e escultura, integra também um ciclo de performances e pretende «problematizar códigos sociais e semânticas de imposição normativa de gênero por meio de proposições artísticas transdisciplinares…».
O processo de criação dos trabalhos que compõem o projeto, segundo a sinopse, «partem da mobilização de estratégias de apropriação e desvio dos usos e sentidos de atos, condutas, materiais e objetos, circunscritos em ideais normativos de gênero. Tendo a ironia e a ambivalência das aparências como modo de expor ambiguidades e criar contradições que desnaturalizam práticas e relações estabelecidas como norma. Acionando situações que frustram expectativas de aparência e desempenho que correspondem a um ideal normativo hegemônico.»
Deste programa vai ainda acontecer no espaço Maus Hábitos, performances da série «Make Feminine», sempre às 19h nos dias 01, 08 e 15 de junho, uma visita mediada pela artista no dia 13 de junho e uma conversa com a artista e curadora no dia 15 de junho.
O Centro Cultural de Lagos5 inaugura a exposição coletiva «Areal – Três Gerações De Cor», com obras de António Areal, Sofia Areal e Martin Brion no dia 8 de junho, que vai ficar no Centro Cultural até 3 de agosto.
Esta exposição consiste na apresentação de obras de três gerações de uma família ligados às artes plásticas, que embora em diferentes tempos e com propostas artísticas distintas, não deixam de estar ligados por «proximidades que permitem estabelecer elos de relação e continuidade.», segundo o texto da exposição.
Assinala-se ainda que «António Areal aparece com um surrealismo metafísico nos finais da década de 1960, seguindo-se uma breve fase informalista à entrada da década seguinte, para desenvolver um dos mais importantes projetos neofigurativos dos anos 60-70 de teor neo-dada», já o trabalho de Sofia Areal, no final da década de 80, «em acerto internacional com o tempo da bad painting ou da transvanguarda, que ficou sinalizada pelo retorno ao paradigma da pintura e tem vindo a realizar um dos trabalhos mais relevantes e originais do panorama artístico nacional» e por último, «com uma produção mais recente e emergente, Martim Brion surge já neste século, em tempos de intervenções instalativas e pós-conceptuais, observável na sua pluralidade de materiais e suportes, trabalhando entre a fotografia (esboços momentâneos) e a escultura (pensamentos em estado físico).»
- 1. «Stranger to the Trees» (Estranho para as árvores). Esta obra foi realizada em 2022 a partir de uma residência artística no Wro Art Center, na Breslávia (Polónia). A prática artística de Kat Austen centra-se em questões ambientais. Combina diferentes disciplinas e meios de expressão, criando instalações escultóricas e de novos media, performances e trabalhos participativos.
- 2. Espaço gnration - Praça Conde de Agrolongo n.° 123 4700-312 Braga, Portugal. Horário: segunda a sexta, das 9h30 às 18h30; sábado, das 10h às 18h30.
- 3. Auditório Municipal de Freixo de Espada à Cinta - Avenida Guerra Junqueiro 5180-104 Freixo de Espada à Cinta.
- 4. Maus Hábitos, R. de Passos Manuel, 178 4.º Piso, Porto. Horário: segunda, das 18h às 0h, terça a quinta, das 12h às 0h; sexta e sábado, das 12h às 6h.
- 5. Centro Cultural de Lagos - Rua Lançarote de Freitas, n.º 7 – Lagos. Horário: terça a sábado, das 10h às 18h.
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