Sayaxché, Joyabac, Fray Bartolomé, Huehuetenango, Ixcán, Nebaj ou La Tinta são alguns dos municípios guatemaltecos que os médicos cubanos conhecem bem, porque os percorrem ou vivem em aldeias e comunidades remotas da sua geografia, adaptando-se à altitude, aos tremores de terra, ao frio e ao calor extremo, bem como a línguas e costumes diversos, refere a agência Prensa Latina.
A ajuda médica cubana chegou à Guatemala após o impacto devastador do furacão Mitch, em Novembro de 1998.
Na sequência da erupção do Vulcão do Fogo, dia 3, as autoridades cubanas colocaram à disposição do governo da Guatemala toda a sua brigada médica, presente em 16 departamentos do país centro-americano. Oito dias volvidos sobre a violenta erupção vulcânica na Guatemala, que deixou pelo menos 110 pessoas mortas e mais de 200 desaparecidas, o Instituto Nacional de Sismologia continua a registar explosões. Um dos departamentos mais atingidos pela «fúria do colosso» foi Escuintla, no Sudoeste do país, onde há anos prestam assistência à população trabalhadores da Brigada Médica Cubana (BMC). Actualmente, são 26, que «convivem com os habitantes da região e, assim, conhecem bem os seus costumes e necessidades», refere a Prensa Latina. Mal se deu a catástrofe, com especial incidência neste departamento, os médicos cubanos disponibilizaram-se de imediato para ajudar as equipas de socorro guatemaltecas, continuando a desempenhar as suas tarefas no hospital. Na Escola Oficial Urbana Mista Tipo Federação «José Martí», transformada nestes dias num albergue para prestar assistência às cerca de 900 pessoas afectadas pela erupção vulcânica em Escuintla, o coordenador do grupo cubano nesta região, Relmar Quintana Martínez, explicou à Prensa Latina que se começam a observar os primeiros sintomas de infecções respiratórias e digestivas. «Estamos a examiná-los a todos com o propósito de os ter controlados e actuar rapidamente face a qualquer emergência», disse. A Prensa Latina pôde verificar que os médicos cubanos, presentes no local desde o primeiro momento da tragédia, realizam turnos de 12 horas, durante toda a madrugada, cobrindo períodos em que colegas de outros países estão ausentes, aumentando os riscos. No dia seguinte, integram os turnos no hospital. Para além dos 26 trabalhadores da saúde presentes em Escuintla, Cuba pôs à disposição do governo guatemalteco toda a sua brigada médica no país centro-americano, dispersa por 16 dos seus 22 departamentos e com 20 anos de presença ininterrupta. Isso mesmo foi revelado à Prensa Latina por Yuri Batista, coordenador nacional da BMC e que tem estado a fazer uma avaliação da situação epidemiológica no terreno, acompanhado de perto pelo embaixador de Cuba na Guatemala, Carlos de Céspedes Piedra. Batista disse que foi entregue às autoridades do país uma lista completa dos recursos humanos da brigada por especialidades, precisando que esta é composta por 431 elementos. Neste contexto, assumem particular destaque os 39 cooperantes que integram a Brigada Henry Reeve, especializada em situações de desastres e que foi constituída a 19 de Setembro de 2005 por iniciativa do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro. Na sua maioria, os membros da BMC na Guatemala cumprem actualmente a sua segunda ou terceira missão médica, pelo que são uma força altamente qualificada e estão presentes em comunidades onde, até à sua chegada, não havia cobertura de saúde, refere o diário Granma. A ajuda médica cubana chegou à Guatemala após o impacto do furacão Mitch, em Novembro de 1998. De acordo com a Embaixada de Cuba neste país, os médicos cubanos realizaram, nestes 20 anos, 409 166 cirugias a pacientes guatemaltecos e efectuaram 43 749 222 de consultas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Médicos cubanos servem população guatemalteca há 20 anos
Toda a brigada à disposição
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O município de La Tinta, no departamento de Alta Verapaz, foi um dos locais onde os médicos cubanos deixaram de imediato a sua marca, uma vez que a chegada ali de 31 especialistas permitiu pôr em funcionamento, em apenas 48 horas, um hospital totalmente inoperacional devido à lama que cobria uma boa parte das suas instalações.
«No meio de condições higiénico-sanitárias propensas a surtos de cólera e malária, os cubanos aplicaram a abordagem dos cuidados primários de saúde, válida no seu país para atacar as causas dos problemas e não se limitar à mera cura», destaca a agência.
Esta experiência seria fundamental para o acordo de cooperação que, em Abril de 1999, foi assinado por ambos os países em Havana.
Seriam princípios invioláveis cobrir as zonas mais remotas do país, onde os profissionais da saúde guatemaltecos não iam – e ainda não vão –, e a prestação de serviços de qualidade sem distinção de raça, credo ou ideologias, «para travar um furacão muito mais silencioso que o Mitch, a morte por doenças evitáveis».
Estes 25 anos de solidariedade ficam marcados – de acordo com os dados divulgados pelo governo guatemalteco – por 569 mil operações cirúrgicas, 176 442 das quais no âmbito da Operação Milagre; 242 630 partos e 362 109 vidas salvas, bem como por 10 492 061 de casos vistos.
Apesar das tentativas de desprestigiar a presença médica cubana na Guatemala no final de 2020, a BMC sentiu o apoio da população, e a então ministra da Saúde, Amelia Flores, reconheceu o seu trabalho como «indiscutível e insubstituível».
Actualmente, a BMC continua presente em 16 dos 22 departamentos guatemaltecos, com os seus profissionais integrados em 16 hospitais distritais, regionais e nacionais, em 12 centros de cuidados materno-infantis, em 106 postos de saúde, 33 centros de cuidados permanentes e quatro centros oftalmológicos.
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