Várias centenas de neonazis – cerca de 300, segundo o Público espanhol – desfilaram no sábado passado pela capital espanhola, numa marcha em honra aos mortos da Divisão Azul, a unidade militar de voluntários espanhóis que combateu às ordens de Hitler na Segunda Guerra Mundial.
O acto assinalava o 78.º aniversário da Batalha de Krasny Bor, travada entre as tropas soviéticas e as forças nazis da Wermacht – ao serviço das quais lutou a Divisão Azul –, no âmbito das operações militares com vista ao levantamento do Cerco a Leninegrado.
Com gritos de «Arriba España» e cânticos fascistas, os manifestantes desfilaram até ao Cemitério de La Almudena, onde realizaram uma concentração junto a uma lápide pelos caídos da Divisão Azul. Ali, refere o Público, um padre católico referiu-se ao marxismo como doutrina que «perturba a paz da sociedade e do espírito».
Vários indivíduos intervieram na cerimónia de homenagem. Numa das primeiras intervenções, uma oradora destacou a necessidade de «lutar por Espanha» e «lutar pela Europa, agora débil e liquidada pelo inimigo, que é sempre o mesmo com diversas máscaras: o judeu», indica a RT.
«O judeu é o culpado» e a Divisão Azul «lutou por isso», para libertar a Europa do «comunismo, que é uma invenção judaica contra os trabalhadores», disse ainda a mulher. As declarações, os cânticos e hinos fascistas espanhóis, e a saudação fascista foram amplamente divulgados em registo fotográfico e videográfico nas redes sociais.
Outro orador foi Ignacio Menéndez, advogado conhecido por ter defendido o membro da extrema-direita espanhola Carlos García Juliá, recentemente libertado e um dos autores do «Massacre de Atocha», em 1977, em que foram assassinados cinco advogados ligados às CCOO e ao Partido Comunista de Espanha.
Menéndez instou os presentes a não cumprir as medidas sanitárias contra a propagação do coronavírus: «É preciso que não cumpram o recolher obrigatório, que se reúnam com os vossos familiares e amigos, que sejam mais de seis como somos hoje aqui; e que se abracem, e que cantem e que vivam alegres, porque o fascismo é alegria», disse, citado pela RT.
De acordo com o Público espanhol, associações de moradores da zona tinham solicitado às autoridades que não fosse permitido o desfile que «desde 2007 organizam grupos neonazis de Madrid em homenagem à Divisão Azul e aos caídos pela Europa». No entanto, a delegação do governo espanhol autorizou-a, alegadamente, porque os organizadores garantiram que não ia haver mais de 200 participantes.
Esta segunda-feira, a Federação das Comunidades Judaicas de Espanha pediu ao Ministério Público que investigue os insultos contra judeus registados durante a marcha neonazi de homenagem à Divisão Azul e, se for caso disso, «processe e condene os actos criminosos».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui