Marcelo Abdala, presidente do Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), afirmou que a central sindical, enquanto parte da «oposição forte» à reforma, participa «com todas as suas forças», na concentração convocada pela Intersocial, que reúne cerca de 20 organizações do movimento sindical, popular e social uruguaio.
Com o lema «Contra o modelo da desigualdade e a sua reforma das pensões», a mobilização foi agendada para as 18h30 (hora local) na capital uruguaia, Montevideu.
Em conferência de imprensa, na terça-feira, Abdala acusou o presidente da República, Luis Lacalle Pou, de mentir, tendo em conta a sua promessa eleitoral de não aumentar a idade da reforma, que, no actual projecto, se propõe mudar para os 65 anos.
As privatizações escondem a deterioração, favorecem a precarização do trabalho e a ineficiência dos serviços prestados, denunciou, esta segunda-feira, um dirigente sindical da Obras Sanitarias del Estado. Na sede da central sindical PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores), Federico Kreimerman, presidente da Federación de Empleados de Obras Sanitarias del Estado (FFOSE), explicou as razões por que se opõe ao chamado Projecto Neptuno. Na capital uruguaia, Kreimerman afirmou que o sindicato a que preside rejeita «a mercantilização e a privatização da água e de todos os recursos naturais do país». «Este tipo de políticas não só prejudica as grandes maiorias, como beneficia as grandes empresas», indicou, acrescentando que «a privatização da produção de água potável coloca o lucro à frente do fim social, contrário ao mandato constitucional que considera o acesso à água como um direito humano fundamental». O projecto implica a construção de uma nova estação de bombagem numa zona próxima ao Rio da Prata e tubagens com 85 quilómetros de extensão, para melhorar o abastecimento, revela o portal da central. Kreimerman explicou que o projecto tem um custo de três mil milhões de dólares e, de acordo com a proposta apresentada, ficaria a cargo de um consórcio privado, a quem o património público seria concessionado por um período de 30 anos. Esse consórcio, disse, passaria a vender água à Obras Sanitarias del Estado, «que, portanto, passaria a comprar água e a distribuí-la aos utentes da área metropolitana» de Montevideu. Kreimerman deixou claro que o sindicato é contra as privatizações em todas as áreas do organismo e do Estado, porque, em seu entender, «escondem a deterioração progressiva e o desmantelamento, favorecendo a precarização do trabalho e a ineficiência dos serviços prestados». A central sindical PIT-CNT expressou o seu total apoio à denúncia dos funcionários da empresa estatal OSE. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalhadores denunciam «nova tentativa de privatizar a água» no Uruguai
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O dirigente sindical disse que, «enquanto cresce o PIB no país e as previsões indicam que cresça acima dos 5%, ultrapassando as estimativas oficiais, o salário, as reformas, […] os pequenos e médios sectores da cidade e do campo, o comércio, a pequena indústria e agropecuária vêem os rendimentos diminuir».
Os salários não acompanham a riqueza nacional, o crescimento, referiu Abdala, sublinhando que isto «mostra que efectivamente se tem vindo a implementar um modelo de desigualdade». Tal «vê-se claramente no aumento da pobreza e na redução dos salários e das pensões», indica a TeleSur.
Aprofundamento da desigualdade
«Estamos num país onde o grupo dos malla oro [os mais ricos e poderosos] captura, praticamente, a maioria da riqueza gerada e consegue depositar 40 mil milhões de dólares no sistema financeiro», denunciou Abdala, para vincar a ideia de desigualdade.
«O projecto [da reforma] não diz nada da Segurança Social como um direito humano», sobre os cuidados à primeira infância, sobre a deficiência, a igualdade de género, a mulher ou o subsídio de desemprego, frisou.
Em vez disso, alertou o dirigente sindical, o projecto «aumenta a idade de reforma para vastíssimas camadas de trabalhadores, portanto, aumenta os anos de trabalho e o pior de tudo ainda é que diminui o montante das pensões».
A pobreza aumentou no país sul-americano no segundo semestre de 2021. Um estudo do Instituto Nacional de Estatísticas mostra que a incidência é maior entre as crianças e a população afrodescendente. O relatório ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), correspondente ao segundo semestre de 2021, mostra um ligeiro crescimento da pobreza no Uruguai entre a primeira e a segunda metade do ano passado. Entre os principais resultados do estudo, o INE destaca que, de cada mil lares, 76 encontram-se abaixo do limiar da pobreza (7,6%). Esta incidência aumenta se for considerada a nível individual, já que, segundo o instituto, 11% dos uruguaios se encontram em situação de pobreza. «O valor que assume a proporção de pessoas pobres para o segundo semestre de 2021 implica que, de cada 1000 pessoas, 110 não ultrapassam o rendimento mínimo para cobrir as necessidades básicas alimentares e não alimentares consideradas por esta metodologia», refere o organismo. Ao abordar a incidência da pobreza por grupos etários, o INE verifica que é maior entre as crianças e os adolescentes, e constata que houve um crescimento, no segundo semestre, em todos os grupos, excepto no dos maiores de 65 anos (-0,2%). De acordo com o relatório, as crianças com menos de seis anos são a faixa etária mais atingida pela pobreza (21%), seguida da das crianças entre os seis e os 12 anos (20,3%), os adolescentes dos 13 aos 17 (18,9%) e a faixa entre os 18 e os 64 anos (9,5%). Os autores do estudo verificaram ainda que «a população afrodescendente é a que continua a registar maiores níveis de pobreza». No contexto da crise económica associada à Covid-19, em 2020 surgiram cerca de 700 locais para ajudar a alimentar a população, onde chegaram a acorrer, diariamente, 55 mil pessoas. Outros dados agora revelados mostram que 41% destes locais, conhecidos como ollas populares, foram organizados em Montevideu e 59% no resto do país. Na grande maioria dos casos, recorrem a este tipo de ajuda popular e comunitária famílias que perderam rendimentos por motivo de desemprego. Abril e Maio foram os meses em que mais pessoas se alimentaram nestes locais. Na terceira semana de Abril do ano passado, a média semanal de refeições fornecidas atingiu as 385 mil, numa fase em que 55 mil pessoas recorriam às ollas (literalmente, panelas) diariamente. Estes e outros dados foram divulgados anteontem pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da República (Udelar), com a publicação do estudo intitulado Entramados comunitarios y solidarios para sostener la vida frente a la pandemia [Redes comunitárias e solidárias para manter a vida face à pandemia]. A Associação de Bancários do Uruguai (AEBU) foi uma das organizações que contribuíram para a realização do estudo. De acordo com o seu secretário-geral, Fernando Gambera, o dado «mais destacado» do informe reside no facto de 58,4% das ollas ter origem de bairro ou familiar. Para Gambera, isso evidencia a «dimensão da importância que a solidariedade possui nos laços sociais actuais». Além dos locais dinamizados por moradores e famílias, existem ainda os que dependem de clubes desportivos, de sindicatos e de organizações sociais com militância de diverso tipo, refere elpais.com.uy. O estudo indica que 38% das pessoas encarregues de organizar os espaços de alimentação estavam desempregadas em Março de 2020, quando começou a pandemia do novo coronavírus. Por faixas etárias, 55% dos organizadores das ollas têm entre 18 e 39 anos e 35% entre 40 e 59. Diversas organizações mobilizaram-se para recolher as primeiras 100 mil das cerca de 700 mil assinaturas necessárias para levar a referendo a Lei de Urgente Consideração, promovida pelo governo de direita. A Frente Ampla, sindicatos e organizações sociais do Uruguai instalaram mesas, este fim-de-semana, em mais de 300 locais espalhados pelo país, com o intuito de recolher as primeiras 100 mil assinaturas do total necessário à realização de um referendo que permita revogar a Lei de Urgente Consideração (LUC), contra a qual milhares de trabalhadores se pronunciaram, em Montevideu, em Junho de 2020. No início do mês seguinte, foi aprovada definitivamente no Senado, com o apoio da maioria de direita no poder, e promulgada pelo poder executivo. Marcelo Abdala, secretário-geral do Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), afirmou então que a LUC não só não dá resposta «aos problemas actuais do povo» como «não está à altura das necessidades das grandes maiorias populares», além de pôr em causa as liberdades individuais e o direito à greve. Por seu lado, a Frente Ampla foi uma das organizações que reclamaram que a lei fosse sujeita a um amplo debate social, devido ao seu conteúdo «sensível», mas a direita argumentou que isso não era possível, em virtude das restrições impostas pela pandemia de coronavírus. O Partido Comunista do Uruguai caracterizou a LUC como um «programa de restauração conservador, neoliberal e anti-popular», e a central sindical PIT-CNT definiu-a, na sua conta de Twitter, como «lei privatizadora, anti-popular, repressiva e concentradora». A meta traçada para este fim-de-semana pela central sindical foi reunir 100 mil assinaturas, sendo que, até 8 de Julho, pretende conseguir as 700 mil requeridas – na realidade, 680 mil (25% dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais) – para que a autoridade eleitoral do país sul-americano possa convocar o referendo – que visa a revogação de 135 dos quase 400 artigos que a LUC contém, indica a TeleSur. Há alguns dias, o Sindicato Único da Construção já tinha entregado 15 462 assinaturas, obtidas em diversas obras e bairros, à Comissão Pró-Referendo, que no próximo dia 11 deverá fazer um balanço desta primeira fase de recolha. As organizações sindicais estimam que, se se mantiver o nível de mobilização actual, a campanha possa ter já 300 mil assinaturas entre o final de Fevereiro e o princípio de Março. «Derrotar» a LUC é uma «tarefa prioritária», bem como «travar a coligação de direita no governo, o desmantelamento do Estado, a aposta na repressão e restrição da participação e do debate democrático», disse Javier Miranda, presidente da Frente Ampla, citado pela TeleSur. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. As mulheres representam 57% dos participantes, pelo que, juntamente com os jovens, constituem o principal motor dinamizador do empenho na ajuda de emergência humanitária, destacou a Udelar. Tendo em conta os dados qualitativos recolhidos no estudo, a Faculdade de Ciências Sociais identificou neste movimento de apoio popular dois objectivos principais: garantir «os insumos necessários para o seu funcionamento» e «transcender a questão da alimentação, seja no presente ou no curto prazo, a partir de reivindicações diversas que incluem o trabalho ou a habitação». Um grupo de pessoas responsáveis pela organização da olla popular do Bairro Palermo, em Montevideu, manifestou-se contra a Lei de Urgente Consideração (LUC), promovida pelo governo de direita e que partidos políticos de esquerda e sindicatos têm denunciado. Mas isso não foi do agrado de outras organizações de apoio alimentar e gerou-se o debate em torno da assumpção de posições políticas e revindicações por parte de algumas delas. O estudo refere que a Red de Ollas al Sur (à qual pertence a de Palermo) tomou uma posição favorável ao combate à LUC, enquanto outros colectivos, como a Red de Bella Italia, consideraram que a discussão era «fracturante». Assim, decidiu-se que cada organização de bairro teria autonomia «para apoiar ou não a derrogação» da LUC. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «No segundo semestre de 2021, para o total do país, a incidência da pobreza para as pessoas que declaram ter ascendência afrodescendente é superior à estimativa para quem declara ter ascendência branca em quase 11 pontos percentuais», indica o INE. No que diz respeito à incidência da pobreza por regiões, os dados revelam que a percentagem de pessoas em situação de pobreza em Montevideu é superior à média nacional, afectando 14,8% da população. A Universidade da República (Udelar) estima que, em 2020, no contexto de crise associado à pandemia de Covid-19, cerca de 100 mil uruguaios se tenham juntado à população em situação de pobreza. Um estudo publicado o ano passado pela Faculdade de Ciências Sociais da Udelar, intitulado Entramados comunitarios y solidarios para sostener la vida frente a la pandemia [Redes comunitárias e solidárias para manter a vida face à pandemia], revelou que, em 2020, houve dias em que 55 mil pessoas recorreram às chamadas ollas populares, formas de organização comunitária para ajudar a alimentar a população. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. 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100 mil, 300 mil, 680 mil assinaturas para travar o «desmantelamento do Estado»
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Marcelo Abdala disse ainda que a central sindical vai pedir ao Parlamento que crie diálogo e negociação, de modo a caminhar para uma reforma social «intensa em direitos, financiada, solvente, solidária e necessária».
Ontem, véspera da mobilização, o secretariado executivo da PIT-CNT emitiu um comunicado afirmando que o projecto de reforma «aprofunda os aspectos mais regressivos do sistema actual, prejudica as grandes maiorias e é absolutamente inadequado para atender aos desafios do futuro do trabalho e da Segurança Social».
Face à «proposta negativa» do governo neoliberal, a declaração afirma a necessidade de um debate «com base na equidade contributiva, justiça e solidariedade».
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