O Taclamacã, o maior deserto da China, está agora completamente rodeado por um cinturão verde que, até finais de Novembro, se prolongava por 3046 quilómetros, depois de mais de quatro décadas de esforços realizados no âmbito do Programa da Faixa Florestal Protectora dos Três Nortes, o maior programa de florestação do mundo para enfrentar a desertificação.
O programa, indica a Xinhua, foi posto em marcha em 1978, prevendo-se que a sua conclusão ocorra em 2050. Em Junho do ano passado, a China propôs a transformação do programa numa «Grande Muralha Verde» totalmente funcional e inultrapassável, bem como numa barreira de segurança ecológica no Norte do país.
Ao longo de los últimos 46 anos, a China aumentou a sua área de floresta em 32 milhões de hectares no contexto desse programa. Prevê-se que, ao seu abrigo, a superfície de floresta abranja mais de quatro milhões de quilómetros quadrados em 13 regiões de nível provincial até 2050, representando 42,4% da área total do país.
Além disso, a taxa de cobertura florestal das áreas incluídas no programa passou de 5,05% para 13,84%. Foram realizados progressos significativos no controlo da desertificação e da erosão dos solos, assegurando ao mesmo tempo a protecção de cerca de 30 milhões de hectares de terras agrícolas.
Uma barreira ecológica
Com uma área de 337 600 quilómetros quadrados e uma circunferência de 3046 quilómetros, o Taclamacã é o segundo maior deserto flutuante do mundo e representa uma ameaça significativa ao meio ecológico que o rodeia. Ao longo dos anos, enterrou estradas, leitos de rios e terras agrícolas, e algumas dunas estão a invadir oásis a um ritmo de dois a três metros por ano, refere a Xinhua.
Com o lançamento do Programa da Faixa Florestal Protectora dos Três Nortes (referente ao Norte, Noroeste e Nordeste da China), houve transformações significativas. Em mais de quatro décadas, o deserto foi sendo gradualmente rodeado por um cinturão verde. No final de 2023, 2761 quilómetros desta faixa ligaram os oásis espelhados por Xinjiang, deixando apenas por completar uma secção, a mais difícil.
Essa parte final, com aproximadamente 285 quilómetros de comprimento, atravessa zonas ao longo do extremo sul do deserto, onde o vento e a areia colocam os perigos mais graves. Desde este ano, Xinjiang implementou medidas específicas e científicas para colmatar esta lacuna.
Tuhti Rahman, director do Gabinete Regional de Silvicultura e Pastagens de Xinjiang, afirma que a faixa verde vai garantir a estabilidade da produção agrícola, melhorar o ambiente urbano e promover o desenvolvimento económico e social da região autónoma.
De acordo com o responsável, o projecto evidencia plenamente a abordagem inovadora da China no que respeita à construção verde e oferece uma experiência valiosa para os esforços mundiais de combate à desertificação.
Inovação tecnológica
Controlar a desertificação no limite do Taclamacã é um enorme desafio. O distrito de Pishan, em Hotan, no extremo sul do deserto, é uma das zonas mais afectadas pelo clima arenoso e poeirento. Para combater esta condição, o distrito implementou uma série de medidas de engenharia com as quais procura conter a expansão do deserto.
De acordo com Zhang Peiji, vice-diretor do Gabinete de Silvicultura e Pradarias de Pishan, as dunas de uma parte do distrito estão bastante espaçadas, e as tradicionais barreiras de palha (estratégia que consiste em colocar a palha num padrão axadrezado na superfície do deserto para fixar as dunas) são facilmente soterrados pela areia mutável.
Assim, após planeamento no local por especialistas florestais de Xinjiang, foram instaladas barreiras verticais com uma altura superior a um metro, que impedem eficazmente a passagem de vento e areia.
Luo Aike, vice-director do Gabinete de Silvicultura e Pradarias de Hotan, explicou à Xinhua que a combinação de energia fotovoltaica e agricultura proporciona um novo modelo de controlo e fixação do deserto na prefeitura, principalmente em zonas distantes dos oásis.
Esta abordagem inovadora gera energia, ao mesmo tempo que reduz a velocidade do vento na parte superior e favorece o crescimento de plantas tolerantes à seca na parte inferior, proporcionando múltiplos benefícios em simultâneo.
Além disso, no distrito de Qiemo, pôs-se a funcionar um robô inteligente desenvolvido a nível nacional para transplantar vegetação no deserto. O robô percorre a área seguindo percursos pré-estabelecidos, nos quais cava buracos e planta mudas, obtendo uma eficiência muito superior à plantação manual tradicional.
Promovendo meios de sustento
Luo diz que a faixa verde será ainda mais consolidada e ampliada, e refere que devem ser feitos esforços para promover o desenvolvimento de indústrias relacionadas com o deserto, para beneficiar a população local.
Numa zona adjacente ao deserto, no distrito de Minfeng, vários tipos de plantas, incluindo tamargueiras, foram plantadas em tabuleiros de palha, criando uma densa faixa verde. Os habitantes locais também enxertam o cistanche, uma erva medicinal tradicional chinesa que cresce nos desertos, em tamargueiras para obter rendimentos adicionais.
No distrito de Lop, em Hotan, as autoridades locais têm encorajado e orientado múltiplas forças sociais a participar na prevenção e controlo da desertificação. Como resultado, foram criadas três empresas para ajudar a restaurar 170 300 mu (11 353 hectares) de terras desertificadas.
Em Lop, 690 famílias contrataram terrenos arenosos para recuperação e plantação, e cada agregado familiar gere uma área entre 30 e 50 mu. O governo oferece subsídios, depois de verificar a taxa de sobrevivência das plantas.
Para diversificar as indústrias relacionadas com as areias do deserto, Hotan promove mais de 20 variedades de culturas que – indica a Xinhua – são economicamente valiosas e bem adaptadas às condições locais, incluindo ervas medicinais chinesas e forragens.
A iniciativa ajuda os agricultores a aumentar os seus rendimentos por via do controlo do deserto. Actualmente, mais de 30 variedades de plantas estão a ser testadas para cultivo na prefeitura.
«O ambiente melhorou de forma significativa em relação ao passado, contribuindo para que haja menos tempestades de areia e maiores rendimentos de algodão. Graças à gestão do deserto, tornou-se possível o cultivo de ervas medicinais chinesas», diz o agricultor Saydi Emin. «Penso que a minha vida vai melhorar», acrescentou.
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