Como nenhum dos candidatos obteve ontem mais de 50% da votação, o próximo inquilino da Casa de Nariño, em Bogotá, será eleito numa segunda volta, marcada para 17 de Junho.
Iván Duque, representante do partido de Álvaro Uribe, da extrema-direita e da oligarquia colombiana, mantém-se na disputa, tendo sido o candidato mais votado na primeira volta, com mais de 7,5 milhões de votos (39,14%).
Igualmente na disputa mantém-se o candidato progressista Gustavo Petro, representante da Colombia Humana, ex-presidente da Câmara de Bogotá e que foi apoiado, entre outros, pelo Partido Comunista Colombiano (PCC). Obteve mais de 4,8 milhões de votos (25,08%).
Seguiu-se-lhe aquele que era visto como o mais provável opositor a Duque na segunda volta, Sergio Fajardo, candidato da Coalición Colombia, com mais de 4,5 milhões de votos (23,74%).
Germán Vargas Lleras, candidato da direita apoiado pelo Partido Conservador, ficou em quarto lugar, com 1,4 milhões de votos (7,27%), seguido do candidato do Partido Liberal, Humberto De La Calle, com 399 mil votos (2,06%).
O nível de participação foi alto. Votaram, nesta primeira volta das eleições presidenciais, 19,3 milhões dos 36 milhões de colombianos inscritos, num país onde o abstencionismo elevado costuma ser norma. Nas eleições de 2014, votaram apenas 13 milhões de colombianos.
Apoios na segunda volta
Fajardo, De la Calle e Vargas Lleras reconheceram o triunfo de Duque e Petro no que respeita à passagem à segunda volta. Agora, espera-se que se pronunciem, nos próximos dias, sobre o candidato que vão apoiar em Junho.
A expectativa, entre os sectores progressistas colombianos, é a de que Fajardo, apoiante dos acordos de paz negociados em Havana com as FARC-EP, e com um programa em que se inscrevem a defesa da Educação e o combate à corrupação, declare o seu apoio a Gustavo Petro, que também defende o combate à desigualdade social e à pobreza.
Com isso, cimentaria a possibilidade de Petro romper o domínio das forças que têm mandado na Colômbia nas últimas décadas e de travar a força que o uribismo ainda possui no país sul-americano.
Iván Duque, membro do partido fundado e liderado por Álvaro Uribe, representa a extrema-direita e a oligarquia colombiana, com um legado de dezenas de milhares de desaparecidos e de ligação ao paramilitarismo.
Enquanto Petro – e Fajardo e De La Calle – apoia abertamente os acordos de paz e diz que é preciso ir ainda mais além com a Força Alternativa Revolucionária do Comum (partido que nasceu da guerrilha) para construir a paz no país, Duque defende a reestruturação dos acordos, argumentando que é necessário combater aquilo a que chama a impunidade, para pôr os antigos comandantes guerrilheiros atrás das grades.
«Polarização crescente»
Uma expressão a que quase toda a imprensa hoje vai dar é «polarização crescente» da sociedade colombiana, com tendência para se acentuar nas semanas que se seguem. Não tão comum, mas igualmente presente nalguma imprensa, é «resultado histórico» em referência à passagem de Petro à segunda volta, num país francamente submisso aos interesses dos EUA, onde se continua a matar quem se opõe aos interesses dos grandes monopólios e onde «a máquina» está montada para o arrasar.
Falando para os seus apoiantes, ontem à noite, Petro mostrou-se confiante e disse que «Duque parece ter um limite», enquanto as forças por ele representadas são as que «avançam com passo firme, sempre em frente».
«Podem ter a certeza de que vamos vencer, de que se pode mudar a história da Colômbia», declarou.
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