Iván Duque é o novo chefe de Estado da Colômbia, depois de ontem ter obtido 10,3 milhões de votos (53,98%). O candidato do Centro Democrático, partido liderado por Álvaro Uribe, que representa a extrema-direita e a oligarquia colombiana, com um legado de dezenas de milhares de desaparecidos e de ligação ao paramilitarismo, impôs-se na segunda volta das presidenciais a Gustavo Petro. O candidato da Colômbia Humana obteve 8 milhões de votos (41,81%).
Na primeira volta, disputada a 27 de Maio, Duque foi também o candidato mais votado, com mais de 7,5 milhões de votos (39,14%). Seguiu-se-lhe Gustavo Petro, candidato progressista e defensor dos acordos de paz, com mais de 4,8 milhões de votos (25,08%).
No discurso que fez após a confirmação da sua vitória, Duque, que será empossado a 7 de Agosto, disse que não irá rasgar os acordos de paz firmados com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) e assumiu mesmo um tom conciliador ao abordar a questão da paz no país sul-americano.
Deixou claro, no entanto, que a paz na Colômbia «exige correcções», acrescentando que o seu governo irá efectuar «modificações para que a paz brilhe».
Ontem e hoje, vários meios fazem eco das palavras conciliadoras para afirmar que são «ocas», destacando que Duque não deixará de estar ao serviço da base política que o apoiou e que a sua eleição para a Casa de Nariño significa o regresso do uribismo, da extrema-direita, dos sectores que no país se opõem aos acordos de paz ao poder na Colômbia.
Petro: «Aqui não há derrota. Não somos governo para já»
Falando para os seus apoiantes na capital do país, Bogotá, Gustavo Petro reconheceu a vitória de Iván Duque nas eleições presidenciais, mas sublinhando que «não se sente derrotado, quando 8 milhões de colombianos orgulhosamente livres votaram pela mudança, por uma Colômbia Humana», informa a Prensa Latina.
Disse ainda que esses 8 milhões de pessoas que nele votaram não vão deixar que «o novo governo possa seguir por caminhos que destruam o país e a sua juventude». «Não vamos permitir que a Colômbia volte para a guerra», declarou Petro.
Por isso, pediu ao povo colombiano que continue mobilizado, «para que a paz prevaleça».
FARC lança apelo à unidade em defesa da paz
Depois de conhecer os resultados eleitorais, o Conselho Político Nacional da Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) afirmou que «nunca como agora se torna urgente a unidade de todos os sectores que acreditam no caminho da paz».
Numa conferência de imprensa em Bogotá, o partido que nasceu das FARC-EP mostrou-se disposto a reunir-se com o novo presidente eleito da Colômbia, para lhe expor os seus pontos de vista sobre a implementação dos acordos de paz.
Sabendo que Duque pretende alterar aquilo que foi firmado, em Cuba e na Colômbia, entre os dirigentes da guerrilha e o governo colombiano, a FARC afirmou que a «sociedade colombiana se deve unir em busca da paz integral e da ansiada reconciliação».
«Só a unidade, transformada em organização e mobilização, poderá travar a tentação de sectores que apoiaram Duque e que apenas pretendem aprofundar os ódios e as diferenças de todo o tipo, com o único fim de perpetuar os seus privilégios», disseram os representantes da FARC.
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