O «processo de recuperação» do candidato pela FARC e a «ausência de garantias para o exercício político» levaram o novo partido político a «retirar a sua aspiração à presidência» da Colômbia, não participando nas eleições marcadas para 27 de Maio.
A decisão foi revelada hoje pelo Conselho Político Nacional da Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC), numa conferência de imprensa, em Bogotá, na qual foram enumeradas as ameaças a que o partido político foi submetido e se fez referência ao estado de saúde de Rodrigo Londoño, também conhecido como Timoleón Jiménez ou Timochenko, que ontem foi submetido a uma cirurgia cardíaca, depois de ter sofrido, recentemente, um ataque cardíaco.
Numa declaração lida por Iván Márquez, a FARC afirma que se irá manter nas eleições legislativas, que se realizam no próximo domingo, e expressa a disposição dos ex-combatentes da guerrilha para o diálogo com todos os sectores políticos, «de modo a construir pontes para tornar realidade a perspectiva de uma grande convergência nacional em prol da paz e da reconciliação».
Instou, para além disso, os colombianos a votar no dia 11 nas listas da FARC para o Senado e a Câmara de Representantes, acrescentando que o partido decidiu participar neste processo eleitoral tendo em atenção os compromissos alcançados nos acordos de paz de Havana.
Recorde-se que, no âmbito dos acordos de paz firmados entre o governo colombiano e as FARC-EP, a FARC tem assegurados dez assentos – cinco no Senado e outros tantos na Câmara. Na sua campanha, este novo partido defendeu uma agenda centrada nas áreas da Saúde e da Educação, e na resolução de problemas como a pobreza e o desemprego, refere a TeleSur.
Contributo para ultrapassar a violência
A FARC manteve-se determinada em participar nas eleições legislativas, apesar de o Congresso da Colômbia ter impedido a realização de «uma reforma político-eleitoral ao regime clientelista, corrupto e mafioso que rege o país», disse Márquez.
O representante do Conselho Político Nacional da FARC salientou o contributo dado pelo seu partido para a superação de qualquer ligação entre violência e política. No entanto, desde a assinatura do Acordo Final já foram assassinados mais de 50 ex-guerrilheiros ou familiares seus e mais de 250 dirigentes sociais, sublinhou.
Denunciou também o facto de cerca de 600 ex-combatentes, hoje militantes do partido, continuarem presos nas cadeias colombianas, sem que lhes tenha sido aplicada a Lei da Amnistia, indica a Prensa Latina.
Relativamente à campanha para as presidenciais, cuja corrida agora decidiu abandonar, a FARC recordou que foi obrigada a suspendê-la temporariamente «devido à ausência de garantias e, sobretudo, pelos ataques de que Timochenko foi alvo enquanto candidato à presidência».
Tal violência foi instigada, acrescentou, por sectores do partido uribista (em alusão ao ex-presidente Álvaro Uribe) Centro Democrático.
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