A polémica reforma das pensões defendida por Macri – que os sindicatos e a oposição dizem ser um «roubo» aos reformados e pensionistas argentinos – foi aprovada esta madrugada com 128 votos a favor, 116 contra e duas abstenções, depois de a votação do projecto ter sido adiada na quinta-feira passada, no meio de grande agitação, dentro e fora do plenário.
Esta segunda-feira, o debate foi igualmente intenso e acalorado, e, no exterior do plenário, os protestos contra o projecto não foram menos fortes que na semana passada. No entanto, desta vez a maioria dos deputados não considerou que os confrontos ocorridos e a repressão exercida sobre as dezenas de milhares de pessoas mobilizadas na Praça do Congresso e ruas adjacentes justificasse a interrupção dos trabalhos.
«A pressa do Cambiemos [força política de Macri] de votar esta lei antes que seja dia deixa ainda mais em evidência que isto é um roubo histórico aos reformados, e fazem-no como uma avestruz. (...) Saem daqui escondidos sem dar a cara», criticou a deputada Nathalia González (Frente de Esquerda), citada pela TeleSur.
Milhares nas ruas
Dezenas de milhares de manifestantes começaram a juntar-se na Praça do Congresso, em Buenos Aires, por volta do meio dia, convocados por partidos políticos, sindicatos, organizações sociais, de estudantes e reformados.
Alguns deixaram a oposição à reforma das pensões – um de vários projectos que Macri está a promover no âmbito da «política de ajuste» contra trabalhadores e pensionistas, segundo denunciam a oposição e os sindicatos – vincada com o arremesso de garrafas, pedras, petardos e cocktails molotov.
A Polícia carregou por diversas vezes, com grande violência, recorrendo a balas de borracha, gás pimenta, gás lacrimogéneo e jactos de água com tinta. De acordo com diversas fontes, os serviços de emergência médica atenderam mais de 160 pessoas feridas, e havia registo de, pelo menos, 60 manifestantes detidos.
Os protestos prolongaram-se pela noite e madrugada fora, marcados pelo ruído incessante das «caçaroladas» em Buenos Aires – em muitos dos seus bairros, na conhecida Praça de Maio e junto à residência oficial de Mauricio Macri – e também noutras cidades do país austral, como Córdoba e Santa Fé.
«Um governo de ricos para ricos»
Indignado, o deputado Leonardo Grosso (Movimento Evita) denunciou à TeleSur o facto de se ter transformado o Congresso num parque de estacionamento das viaturas da Polícia de Intervenção. No debate, a oposição afirmou que se trata de «um pacote de ajustes» decretado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para Nathalia González (Frente de Esquerda), trata-se de um «roubo aos pensionistas», com o qual o governo deve «economizar» cerca de 3,3 milhões de euros em pensões, reformas e apoios sociais, «para pagar a dívida externa», disse, acrescentando que o executivo de Macri é um «governo de ricos que apenas quer dar lucro aos ricos».
À saída, o deputado Alex Kicillof (Frente para a Vitória) disse que a lei «é um saque, um roubo sobre os recursos dos sectores mais desfavorecidos». Mirta Tundis, da mesma formação, disse à imprensa que a lei «foi feita à custa dos reformados, dos que menos têm e dos que não se podem defender».
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