Numa nota, o Ministério repudia as agressões contra «prestigiados artistas e intelectuais cubanos» na Europa, referindo-se em particular ao acosso ao duo Buena Fe em Espanha e àquilo que classificou como «ignominiosa revogação da condição de Presidente de Honra do evento "Mercado da Poesia" [Marché de la Poésie], em França, à reconhecida escritora Nancy Morejón».
«Não são novas estas manifestações de ódio doentio. Há algumas décadas, o povo cubano e o mundo foram testemunhas de um escandaloso acto de vandalismo contra a obra do reconhecido artista Manuel Mendive, queimada nas ruas de Miami [EUA], e dos ataques ao público num grande concerto da orquestra Van Van nessa cidade, que não conseguiram impedir», lê-se no texto.
A diplomacia cubana condena, igualmente, «as fortes pressões, as acções de intimidação e a chantagem a que foram submetidos empresários, promotores culturais, donos de estabelecimentos e entidades culturais estrangeiras que tiveram a seu cargo a organização dos giros e apresentações dos artistas cubanos».
Um abraço solidário tem envolvido, nos últimos dias, o grupo musical cubano Buena Fe, que se viu forçado a interromper um giro por Espanha devido a ameaças e censura. Na sequência das situações que os cantores cubanos Israel Rojas e Yoel Martínez tiveram de enfrentar, José Manzaneda, coordenador do portal cubainformación.tv, pôs a circular um manifesto, para explicar os factos e dar início a uma campanha de recolha de assinaturas que expressem apoio a ambos. No documento, intitulado «Cuando defender a Cuba genera odio, amenazas y censura», explica-se que, no passado dia 13 de Maio, o duo Buena Fe actuou em Bilbau, no decorrer de uma jornada de solidariedade com Cuba, e Israel Rojas abordou a situação que a Ilha vive, o bloqueio imposto pelos EUA e a guerra cultural movida contra o país. «Também falou do capital ético da intelectualidade cubana e de como resistiu às agressões, chantagens e ameaças provenientes de Miami», lê-se no texto. A presença dos Buena Fue na capital biscainha integrava-se num giro por Espanha e pela Europa, «destinada a desfrutar da música e da cultura cubana». «Mas parece que isso não se permite se os artistas defendem a soberania e a revolução do seu país», denuncia o texto, destacando em seguida que, nos seus perfis das redes sociais, o duo anunciou o cancelamento de dois concertos programados (em Salamanca e Zamora), «devido ao acosso e a ameaças fascistas contra os espaços onde os concertos iam ter lugar». «Com o pretexto da democracia, estamos a assistir no Estado espanhol à censura e perseguição de artistas apenas pelo crime de vir de Cuba e defender Cuba», afirma o manifesto. A declaração também se refere ao facto de em Madrid, no passado dia 12, ter havido uma tentativa de assalto e boicote ao concerto dos Buena Fe, protagonizada por emigrantes cubanos actualmente ligados a organizações de extrema-direita, como Vox. «Felizmente, uma vez mais, o público que tinha vindo para participar num encontro de fraternidade, cultura, música e solidariedade uniu-se em torno dos Buena Fe, com mostras de afecto e aplausos que se alhearam de quem viera para espalhar ódio», diz a nota. «É triste, mas cada vez mais comum em território espanhol, que quem se autodenomina defensor da liberdade e dos direitos humanos recorra à violência e ao fascismo para amedrontar os que simplesmente desejam expressar-se através da arte e da música», lamenta. O texto lembra que «o bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba é uma grave violação dos direitos humanos, afectando directamente a vida quotidiana do povo cubano», e considera lamentável que «certos grupos contra-revolucionários utilizem tácticas fascistas para tentar silenciar artistas e limitar a liberdade de expressão». O presidente cubano participou numa das comissões do Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba e o Anti-Imperialismo, a 200 anos da Doutrina Monroe, que reuniu mais de 1200 delegados em Havana. «Os desafios de Cuba são grandes, mas a alternativa nunca será rendermo-nos», afirmou Miguel Díaz-Canel, ao participar numa das comissões do Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba e o Anti-Imperialismo, a 200 anos da Doutrina Monroe. O Palácio das Convenções, em Havana, tornou-se esta terça-feira o centro da solidariedade mundial com a Ilha, acolhendo mais de mil delegados provenientes dos cinco continentes e outros 200 nacionais. Os participantes na comissão n.º 1, dedicada à Unidade Anti-Imperialista vs. Doutrina Monroe, proferiram intervenções sobre essa unidade, o socialismo a construir, a forma de enfrentar a colonização cultural, a situação difícil do povo cubano, a guerra mediática, o papel dos jovens na mudança social ou a decadência do imperialismo, refere o diário Granma. Depois de ouvir oradores de vários pontos do mundo, o presidente cubano enalteceu os valores que engrandecem o seu povo, que dia após dia dá lições de criatividade, resistência, dignidade e heroísmo. A lógica imperialista aplica-se ao mundo para impor hegemonia e dominação, e esse não é o mundo que queremos, explicou Díaz-Canel, que deu grande ênfase ao plano de colonização cultural executado pelo imperialismo, que visa «acabar com a história e a identidade nacional». Sobre a Doutrina Monroe – fundada há dois séculos incluindo o lema «América para os americanos» –, o presidente de Cuba disse que é uma das argumentações ainda latentes nas estratégias do imperialismo na actualidade. Cerca de centena e meia de jovens dos EUA estão na Ilha para participar nas celebrações do Primeiro de Maio e contactar com sindicatos, organizações juvenis, artistas e autoridades cubanas. Ontem à tarde, a Brigada Primeiro de Maio (May Day Brigade) visitou a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), um projecto de formação de médicos criado pela Revolução Cubana, de onde saíram mais de 30 mil profissionais da saúde de todo o mundo. Manolo de los Santos, co-director executivo de The People’s Forum, e Kate Gonzales, coordenadora editorial da 1804 Books, explicam que esta brigada é a maior a dirigir-se a Cuba em décadas e que representa «uma intervenção nas tentativas incessantes dos Estados Unidos para silenciar e estrangular os êxitos do projecto socialista cubano». Dizem ainda que a iniciativa partiu da International Peoples’ Assembly, que convidou jovens militantes de base da diversidade de lutas nos EUA a participar num «intercâmbio crucial em Cuba, uma experiência de que eles e a sua geração foram privados por 60 anos de bloqueio». Com uma agenda intensa e apertada, já participaram num encontro-debate sobre direitos humanos, no Centro Cultural Yoruba, em que se abordaram questões como igualdade de género, direito à habitação ou luta contra o racismo. Zuleica Romay, directora do programa de Estudos Afro-Americanos na Casa das Américas, lembrou que «Cuba também é uma vítima do seu êxito». Por seu lado, o presidente da instituição, Abel Prieto, afirmou que a administração norte-americana nunca entendeu que em Cuba foi plantada uma coisa, «o princípio da justiça social, da democracia popular, da igualdade, da participação popular no processo político», e que isso «nunca foi enfraquecido». Na quarta-feira, os jovens norte-americanos, que representam diversos movimentos e organizações sociais, dialogaram com representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, tendo sido recebidos por Johana Tablada, subdirectora para os Estados Unidos do ministério. Tablada agradeceu aos presentes a sua empatia e amizade, que reforçam a esperança de melhoria das relações entre Cuba e o vizinho a norte, «compensando a dor causada pelo bloqueio». «A vossa amizade é uma prenda para Cuba», destacou a diplomata. Tablada aproveitou a ocasião para falar aos jovens sobre a história das relações bilaterais e da luta permanente do povo cubano pela soberania e dignidade face à agressão do imperialismo. A delegação de jovens norte-americanos, que se encontra na Ilha desde 24 de Abril, foi saudada pelo chefe de Estado, Díaz-Canel, que lhe deu as boas-vindas na sua conta de Twitter. «Acreditamos no povo norte-americano, diverso e solidário, que nos respeita e entende; é o que vocês representam. Vemo-nos no Primeiro de Maio», escreveu o presidente. De acordo com o programa previsto, a comitiva deve permanecer em Cuba até 3 de Maio, conhecendo bairros em transformação em Havana, instituições científicas e o Centro Fidel Castro, dedicado a preservar o legado do líder histórico da Revolução. Também está prevista uma visita à cidade de Santa Clara, onde os jovens norte-americanos vão manter um encontro com jovens cubanos e prestar homenagem a Ernesto Che Guevara e aos seus companheiros de luta, no mausoléu. Segundo indica a Prensa Latina, o grupo participará, em Havana, nos festejos populares do Dia Internacional do Trabalhador, e, a 2 de Maio, fará parte do encontro de solidariedade com Cuba que terá lugar no Palácio das Convenções. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Referiu-se a tal política como uma expressão de prepotência, de desprezo pelos povos. «Essa Doutrina não é solidária porque não se trata de partilhar experiências para o desenvolvimento igualitário de todos os países, mas de saquear os recursos naturais e extrair as riquezas aos países do Sul», disse, aludindo à natureza agressiva, expansionista e predadora da Doutrina Monroe. Nas outras quatro comissões debateram-se os direitos dos jovens trabalhadores e a integração mundial em defesa da paz e da soberania; mulheres do mundo pela paz e a solidariedade entre os povos; desafios dos trabalhadores no mundo contemporâneo, e lutas dos movimentos de solidariedade, sociais e populares. «A comunidade internacional poderá contar com a luta permanente de Cuba face à injustiça, às desigualdades, ao subdesenvolvimento e pela criação de uma ordem internacional mais justa e equitativa, no centro da qual esteja o ser humano, a sua dignidade e bem-estar», afirmou Ulises Guilarte de Nacimiento, secretário-geral da Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC). Na sessão de abertura do encontro, organizado pela CTC e o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), o dirigente sindical disse que, «sem deixar de reconhecer insuficiências na gestão administrativa, a causa fundamental dos nossos problemas resulta da persistência de um bloqueio desapiedado e unilateral, económico, comercial e financeiro». Ao dar as boas-vindas aos delegados no Palácio das Convenções, agradeceu a presença de tantos amigos em Havana, desafiando precisamente o bloqueio imposto pelos EUA ao povo cubano há mais de 60 anos. Também na sessão de abertura, interveio a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros, Anayansi Rodríguez Camejo, para dar a conhecer aos presentes o modo como o bloqueio afecta o país e o seu povo, e sublinhar que, apesar das dificuldades criadas por essa política, «Cuba não se rende nem se verga». «O nosso povo resiste e avança, e continuaremos a distribuir solidariedade ao mundo e a apoiar as causas justas», disse Rodríguez, que vincou a solidariedade do seu país com a causa palestiniana. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Como afirmou o cantautor Silvio Rodríguez, «por lo visto los acosadores de Buena Fe no se molestan en escuchar sus canciones. ¿Será que no les conviene conocer las preguntas indóciles que el dúo lanza al aire, tema tras tema, AQUÍ, en suelo cubano?». «¿Será que algunos hacen uso de un respetable derecho a irse pero no pueden soportar a los que se queden a luchar por un país mejor? ¿Será por vergüenza de ellos mismos los que piden invasiones y bloqueos contra su propio pueblo? Insoportable para algunos el ejemplo moral de Buena Fe. Es comprensible», diz o manifesto, citando Rodríguez. Entre os signatários do documento, com mais de 1230 assinaturas até ao momento, contam-se o intelectual hispano-francês Ignacio Ramonet; o Prémio Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel; o teólogo brasileiro Frei Betto; Manu Pineda, deputado espanhol ao Parlamento Europeu; Nora Cortiñas, das Mães da Praça de Maio; Enrique Santiago, secretário-geral do PCE; o jornalista argentino Carlos Aznárez; o escritor Carlo Frabetti; o actor Guillermo Toledo; assim como outros jornalistas, académicos, sindicalistas e deputados. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
Acossados por defender Cuba, os Buena Fe também recebem grande apoio em Espanha
Cancelamento de concertos em Salamanca e Zamora, tentativa de boicote em Madrid
«Por lo visto los acosadores de Buena Fe no se molestan en escuchar sus canciones»
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Díaz-Canel: «A alternativa de Cuba nunca será render-se»
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Mais de 150 jovens norte-americanos em Cuba, a unir os povos
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Trata-se de «acontecimentos isolados» – reconhece o Ministério – «protagonizados por grupos minoritários que representam forças retrógradas de ideologia neofascista e recebem abundantes recursos financeiros de organizações ao serviço do imperialismo.»
Tais acções têm «o claro propósito de denigrir a cultura cubana e os seus artistas, obscurecer a memoria histórica e patriótica do povo cubano e a sua identidade cultural, e destruir a Revolução», afirma.
O texto destaca ainda que «a cultura cubana, que sofre o impacto do bloqueio económico» imposto pelos Estados Unidos, «é portadora de mensagens de paz, diálogo e tolerância», e «repudia a barbárie, o ódio e a violência que procuram impor os interesses monopólicos imperialistas a partir dessa potência [EUA] e alguns dos seus aliados».
Face «à violência, à impunidade, ao fascismo e à colonização cultural imperante», Cuba «não renunciará a expor a sua cultura em qualquer sítio do mundo e, perante cada agressão, responderá com firmeza e unidade», sublinha.
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