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Em Caracas, Cuba propõe criar circuitos culturais da ALBA e deixa alertas

Na reunião realizada na Venezuela, Abel Prieto, presidente da Casa das Américas, afirmou que «a insensatez, a estupidez e a idiotice reinam neste mundo», e alertou para a «infantilização das audiências».

Créditos / PL

Numa reunião de trabalho que teve lugar este sábado na capital venezuelana, no contexto do Festival Mundial da Internacional Antifascista, o destacado intelectual cubano propôs a criação de circuitos culturais da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP).

No encontro, destinado a avançar no sentido da criação do Conselho de Cultura e Comunicação do bloco de integração latino-americano e caribenho, Prieto convidou a integrar essa iniciativa todos aqueles que o quiserem, incluindo países de fora da ALBA-TCP.

Vincou a necessidade de propor acções concretas, fazer, criar, feiras do livro, audiovisuais breves e de música, esta última «uma das forças do Sul», indica a Prensa Latina.

O presidente de Casa das Américas disse que «os livros de auto-ajuda são uma praga» e destacou a importância de «haver entre a nossa gente uma visão crítica». «Hoje, a hegemonia cultural, ainda a tem o império, lamentavelmente», afirmou, citado pelo portal albatcp.org.

Sobre a guerra cultural com impacto nos povos, Prieto referiu que hoje se misturam «fofocas de famosos» com questões de suma importância, como é o caso da guerra da Rússia e da Ucrânia, onde, em seu entender, se dá uma luta «contra o fascismo», e denunciou que essa mistura entre o importante e o irrelevante faz parte de um plano.

Novo «assalto à razão»

Na lógica do presente, «o supérfluo vence a partida e torna-se algo de central», referiu o escritor recentemente galardoado no seu país, insistindo que «a insensatez, a estupidez e a idiotice reinam neste mundo», aquilo a que os especialistas chamam a «infantilização das audiências».

O intelectual notou que este fenómeno não é só de crianças e jovens, mas de toda a população, que «se infantiliza perante a indústria hegemónica do entretenimento», pelo que, defendeu, «estamos a assistir a outro assalto à razão», em alusão à obra do filósofo húngaro György Lukács.

Em seu entender, as teorias conspiracionistas actuais «estão a preparar o terreno para o fascismo», tendo-se referido à falta de fé no racional e à manipulação da informação e das emoções.

Também criticou as redes sociais por não apelarem a pensar ou a analisar, mas a reagir «com uma aprovação absolutamente jubilosa, sem qualquer análise, ou com uma rejeição brutal».

Neste contexto, recordou Fidel Castro, num discurso na Universidade de Havana, em Novembro de 2005, quando disse que «toda a máquina de propaganda e manipulação criava reflexos condicionados».

O encontro no Centro de Convenções de La Carlota contou com a participação, entre outros, do ministro venezuelano da Cultura, Ernesto Villegas, e foi presidido pelo secretário executivo da ALBA-TCP, Jorge Arreaza, que advogou a criação de um movimento cultural «inexpugnável» e destacou a importância da «batalha cultural no mundo de hoje».

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