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Deputados do PCP no PE denunciam ingerência da UE na Venezuela

Para os deputados comunistas, a Resolução do Parlamento Europeu sobre as Eleições na Venezuela constitui «uma inaceitável tentativa de condicionamento da livre expressão do povo venezuelano».

 Milhares de apoiantes do processo bolivariano, no final da marcha pela independência e soberania nacional, na Avenida Bolívar, Caracas (Venezuela), em Abril de 2017
CréditosCristian Hernández / EPA

Com 492 votos a favor, 87 contra e 77 abstenções, o PE aprovou esta quinta-feira a resolução sobre as eleições na Venezuela, agendadas para o próximo dia 20 de Maio, subscrita pelos grupos do Partido Popular Europeu (PPE), dos democratas e liberais (ALDE), dos socialistas e democratas (S&D) e dos reformistas e conservadores (ERC).

O texto reafirma a tónica intervencionista da União Europeia (UE) no que à República Bolivariana da Venezuela diz respeito, salientando que «a UE só reconhecerá eleições assentes num calendário eleitoral realista» e rejeitando «veementemente a decisão da Assembleia Nacional Constituinte, não reconhecida internacionalmente, e aprovada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), de organizar eleições presidenciais antecipadas».

Numa nota de imprensa ontem emitida, os deputados do PCP no PE condenam esta resolução e afirmam que ela «integra a estratégia de sistemático desrespeito pela ordem constitucional da República Bolivariana da Venezuela». Sublinham, para além disso, o direito do povo venezuelano a participar nas eleições presidenciais de dia 20 de Maio sem «quaisquer condicionamentos, ameaças ou pressões externas».

A «decisão da maioria do Parlamento Europeu de não reconhecer a priori as eleições do próximo dia 20 de Maio é, para lá de um ataque à democracia, um inqualificável acto de desrespeito pela democracia, pela soberania e pela Constituição da República Bolivariana da Venezuela», afirmam, salientando igualmente que a atitude da UE e das suas instituições relativamente ao país sul-americano «é contrária aos interesses do povo venezuelano e da comunidade portuguesa» residente na Venezuela.

Este novo acto de ingerência constitui «mais um passo nas operações de desestabilização, bloqueio económico, financeiro, político e diplomático contra a Venezuela e o seu povo (de que as sanções aplicadas pela UE são parte integrante)», afirmam os deputados comunistas, que repudiam as «ameaças de mais sanções, medidas arbitrárias e discriminatórias», bem como «as ameaças explícitas de agressão militar por parte dos EUA e de outras potências imperialistas» contra o país latino-americano.

MUD reafirma linha abstencionista e punitiva

A chamada Mesa da Unidade Democrática (MUD) deixou ontem claro, numa conferência em Caracas, que vai manter a senda trilhada: apelo à abstenção nas eleições convocadas para 20 de Maio; não apoiar o candidato da oposição à Presidência da República, Henri Falcón; ameaça de expulsão a todos os membros de partidos da MUD que expressem o seu apoio a Falcón e, assim, reconheçam o processo eleitoral.

No documento lido à imprensa pela vice-presidente do partido Un Nuevo Tiempo (UNT), Delsa Solórzano, a MUD convida os venezuelanos a «deixar as ruas vazias e a deixá-los sozinhos», como forma de mostrar que não reconhecem o acto eleitoral.

A MUD estaria disposta a participar nas eleições presidenciais casos estas se realizassem em Dezembro, mas Tibisay Lucena, do Conselho Nacional Electoral (CNE), disse esta quinta-feira que não está prevista qualquer aletração ao calendário eleitoral.

De acordo com a AVN, a MUD afirmou ainda que, caso Nicolás Maduro seja eleito presidente, «intensificarão a luta nas ruas», algo que não é estranho a esta coligação pelo menos desde 2013.

Reforço de verbas, via USAID

Entretanto, Diosdado Cabello, dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), afirmou no programa «Con el mazo dando», transmitido pela Venezolana de Televisión, que vários dirigentes da direita venezuelana, incluindo membros da MUD, se reuniram com Mark Greeen, director da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), no âmbito da Cimeira das Américas, que decorreu em meados de Abril em Lima (Peru).

Na reunião, marcou presença, em peso, a oposição que, em Fevereiro deste ano, boicotou um acordo de convivência com o governo venezuelano, depois de vários meses de diálogo na República Dominicana, e não terão faltado, inclusive Antonio Ledezma, Carlos Vecchio e David Smolansky, foragidos à Justiça do país de Bolívar.

De acordo com Diosdado Cabello, Green já terá dado passos para garantir que o seu país aumenta as verbas, em 2019, para ajudar a direita venezuelana. «16,8 mil milhões de dólares», precisou Cabello.

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