Com a aproximação das eleições gerais, marcadas para 28 de Novembro, aumentam os casos de violência política no país centro-americano, bem como os alertas de organismos internacionais e nacionais, o mais recente do Centro de Estudo para a Democracia (Cespad).
Num texto intitulado «Alerta eleitoral. Alto à violência eleitoral», o Cespad manifesta a sua «preocupação com o actual clima de violência política que se vive no país», e faz referência aos crimes recentes perpetrados contra Darío Juárez, em Concordia, Francisco Gaitán, em Cantarranas (ambos do Partido Liberal), e Elvir Casaña, candidato do Libre, em Santa Bárbara.
Este clima de violência não contribui «para o processo democrático e, muito pelo contrário, desanima a participação cidadã e debilita dessa forma o direito a exercer o sufrágio num ambiente pacífico e de confiança», denuncia o Cespad, exigindo medidas às autoridades.
De acordo com Observatório Nacional da Violência da Universidade Nacional Autónoma das Honduras (OV-UNAH), os homicídios foram a forma de violência mais comum contra os agentes políticos nas Honduras.
Os dados, divulgados no final de Julho, abrangem um período que vai de 20 de Dezembro de 2020 a 26 de Maio de 2021 e servem de alerta para o período eleitoral que se avizinha. Migdonia Ayestas, coordenadora da entidade responsável pelo estudo, o Observatório Nacional da Violência (ONV), afirmou que nem a pandemia conseguiu travar estas acções que violam o direito à vida e à participação política dos cidadãos em processos de eleição a cargos. O documento refere que os agentes políticos, «cuja função consiste em construir a estrutura dos partidos», são os principais alvos da violência, pois nove das agressões registadas foram contra dirigentes e oito contra militantes. No total, indica o portal Presencia Universitaria, os factos verificados são 12 homicídios, dez coacções, seis ameaças, cinco atentados, uma coerção e um rapto, que, na sua maioria, tiveram como alvo militantes e votantes do Partido Nacional (21 dos 35 casos registados). A «violência política» nas Honduras também visou elementos do Partido Liberal e do Partido Liberdade e Refundação (Libre), com quatro casos registados em cada partido. Um dado alarmante, segundo o informe divulgado, é que os espaços públicos são os principais cenários da violência política (ali ocorreram 71% dos casos), «incluindo aqueles – espaços – que são guardados por autoridades da ordem pública», indica o documento. O trabalho refere igualmente que, no contexto destas agressões, foram vítimas familiares de dirigentes ou candidatos a cargos políticos, de que é exemplo o caso ocorrido no município de Yoro, onde, num ataque a um elemento do Libre, ficou também ferida a sua filha de quatro anos. Os 35 casos registados no período referido tiveram lugar nos 11 departamentos das Honduras, sendo o de Cortés o mais atingido pela «violência política» no país, que, destaca a ONV, aumentou o seu «carácter letal» contra candidatados e militantes políticos, apesar das medidas de contenção impostas pelo governo no contexto da Covid-19. O documento alerta as autoridades para a necessidade de tomar medidas, tendo em conta que as eleições gerais são em Novembro próximo. «Nos últimos processos eleitorais, desde as primárias de 2012 até às gerais de 2017, foram mortos 98 agentes políticos», disse Ayestas, citada pelo Criterio HN. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Em cinco meses, 35 pessoas foram vítimas de «violência política» nas Honduras
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Entre as eleições primárias (14 de Março) e 25 de Outubro último, o OV-UNAH registou 27 vítimas mortais, 18 casos de coacção, 11 atentados, seis ameaças, um rapto e uma coerção, refere o portal Presencia Universitaria.
Em 36% dos casos de violência política, as vítimas foram militantes, dirigentes e simpatizantes de partidos.
«Isto reflecte um clima grave de violência política no país», afirmou o sociólogo e coordenador do curso de Sociologia na UNAH, Marco Antonio Tinoco, sublinhando que a «violência nos últimos dias e toda a campanha de ódio que estamos a observar leva a que as pessoas tenham um certo medo». Não obstante, defendeu que a população não se deve deixar intimidar por estes acontecimentos e deve ir exercer o seu direito ao voto.
Se o clima de violência foi crescendo desde as primárias, «nada disto é alheio às estruturas de violência que existem há muitos anos no país», disse ainda Tinoco à Presencia Universitaria a propósito do panorama político «incerto» que as Honduras vivem nestas semanas.
No domingo passado, o Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos também manifestou preocupação com as mortes violentas nas Honduras no contexto das eleições gerais.
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