A Carrefour, considerada uma das maiores cadeias de supermercados do mundo, anunciou o encerramento oficial das operações em Omã num comunicado no Instagram, esta terça-feira.
«A partir de 7 de Janeiro de 2025, as operações do Carrefour serão interrompidas no Sultanato de Omã», refere o texto.
O anúncio segue-se a uma decisão semelhante tomada a 5 de Novembro último, quando o gigante do retalho confirmou o encerramento total dos seus negócios na Jordânia.
Tanto num caso como no outro, as lojas da Carrefour passaram a chamar-se Hypermax. A decisão foi comunicada pela Majid Al Futtaim (MAF), sediada nos Emirados Árabes Unidos, que detém os direitos exclusivos de operação da Carrefour no Médio Oriente e no Norte de África desde 1995.
Embora a MAF não tenha estabelecido uma ligação directa entre os encerramentos da Carrefour, a mudança de marca e as campanhas de denúncia do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), o timing dá a entender essa eventual ligação.
Recorde-se que, no contexto da ofensiva sionista à Faixa de Gaza, o movimento BDS intensificou a pressão que já mantinha contra a Carrefour, em virtude das ligações entre o grupo de retalho e a ocupação israelita, pela qual foi acusado de «cumplicidade nos crimes perpetrados contra o povo palestiniano».
Nos últimos dois anos, refere a PressTV, foram realizados múltiplos protestos junto às lojas do grupo francês, no âmbito da campanha «Boicote ao Carrefour» – mais intensos quando a empresa foi acusada de «apoiar o crime de genocídio» perpetrado pelas forças israelitas.
Segundo refere a fonte, uma das filiais lançou uma campanha de recolha de donativos para apoiar os «valentes» soldados israelitas em Gaza. Além disso, o Carrefour assinou acordos de parceria com empresas tecnológicas e bancos israelitas «envolvidos nos crimes de guerra e nas graves violações dos direitos humanos contra os palestinianos».
Neste contexto, o MAF, que opera as lojas Carrefour no Médio Oriente, sofreu grandes perdas. De acordo com o relatório semestral do Grupo Futtaim relativo a 2024, os lucros do sector retalhista caíram 47% devido à queda de confiança dos consumidores, como resultado do «conflito geopolítico na região».
Ao fazer um perfil da Carrefour, o Comité Nacional BDS palestiniano afirma ter provas de que há pelo menos uma sucursal da empresa num colonato ilegal nos territórios ocupados.
Na sua conta de Twitter (X), saudou os seus aliados em Omã e povo de Omã, que contribuíram para esta conquista. «Que este êxito seja uma força motriz para responsabilizar mais empresas pela sua cumplicidade nos crimes israelitas, incluindo o genocídio, contra os palestinianos», afirmou, continuando a apelar ao boicote de todas as lojas da marca Carrefour até que o grupo francês «ponha fim à sua cumplicidade com o regime israelita genocida».
Entretanto, os massacres das forças de ocupação prosseguem na Faixa de Gaza, bem como a escalada de violência e repressão na Cisjordânia ocupada. De acordo com as autoridades de saúde no enclave, pelo menos 45 936 pessoas perderam a vida na Faixa de Gaza desde o início da ofensiva, a 7 de Outubro de 2023. No mesmo período, pelo menos 109 274 pessoas ficaram feridas.
Estima-se que haja milhares de corpos sob os escombros ou espalhados pelas estradas, sem que as equipas de resgate lhes possam chegar, devido às restrições e ataques constantes das forças de ocupação.
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