O país andino foi ontem palco de uma nova jornada de mobilização em defesa de maior investimento público para a educação, nomeadamente no sector do ensino superior público. De acordo com os promotores da mobilização, as universidades públicas são alvo da crónica política de desinvestimento por parte do Estado, que conduziu a um profundo défice orçamental nas instituições de ensino.
Para ver concretizada essa exigência, há mais de um mês que os estudantes de cerca de 60 instituições, incluindo 32 universidades, realizam uma paralisação, decretada pelas principais organizações estudantis colombianas, que reivindicam também uma educação pública, gratuita e de qualidade, entendida como um direito fundamental e que não exclua os jovens com menos recursos.
Aos estudantes juntaram-se professores, organizações de indígenas, sindicatos e políticos da oposição, nas manifestações de ontem, por todo o país, que ficaram também marcadas pela rejeição da reforma tributária anunciada pelo executivo de Iván Duque.
Em declarações à TeleSur, Diógenes Orjuela, presidente da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), sublinhou que essas eram precisamente as principais exigências da jornada de mobilização de ontem: «A retirada do projecto de reforma tributária, que contempla a aplicação de IVA ao cabaz familiar […], e que o governo defina, por via do diálogo com os estudantes, professores e trabalhadores do ensino universitário, uma estratégia para retirar as universidades colombianas da crise em que se encontram.»
Em Bogotá, Esmad e gás lacrimogéneo
Agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) usaram granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo contra estudantes que participavam na manifestação de ontem na capital colombiana, apesar de esta decorrer de forma pacífica, segundo referiram membros do Congresso e professores que nela seguiam.
De acordo com a Prensa Latina, o próprio Ministério colombiano da Defesa reconheceu que a mobilização decorreu «com toda a tranquilidade». Ainda assim, a Esmad – corpo policial de intervenção conhecido pela violência com que intervém e cuja presença nas diversas manifestações de ontem mereceu o «veementemente repúdio» da União Nacional de Estudantes pela Educação Superior da Colômbia – carregou sobre os estudantes em Bogotá.
Estudantes, congressistas e professores denunciaram a situação. María José Pizarro, deputada da Câmara de Representantes, solicitou a intervenção da Provedoria de Justiça [Defensoría del Pueblo], de modo a garantir o direito dos estudantes ao protesto, refere a Prensa Latina.
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