|União Europeia

Eurodeputadas do The Left impedidas de intervir em plenário com o keffiyeh

Fosse um elemento que fizesse alusão a um país instrumentalizado para justificar a escalada armamentista e estava tudo bem, mas não foi. Duas eurodeputadas do The Left foram impedidas de discursar no Parlamento Europeu com um lenço alusivo à resistência palestiniana.

«Os deputados não perturbam o bom funcionamento da assembleia e abstêm-se de comportamentos inadequados. Os deputados não exibem bandeiras, nem faixas». É com base neste ponto do regimento do Parlamento Europeu que duas deputadas do The Left, também conhecido por Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde ou GUE/NGL, foram impedidas de falar numa sessão plenária. 

As deputadas em questão eram a Irene Montero e a Rima Hassan, que se preparavam para realizar uma intervenção, fazendo-se acompanhar de um keffiyeh, um lenço associado à resistência palestiniana contra a agressão e ocupação do Estado sionista de Israel. 

Eis que quem dirigia a sessão entendeu que os keffiyehs iam contra as normas regimentais por serem vistos como símbolos políticos, algo que alegadamente não seria permitido, apesar de nada o indicar. As deputadas foram, desta forma, impedidas de falar enquanto tivessem os keffiyehs e, assim, de demonstrarem a sua solidariedade com o povo palestiniano. Após as deputadas retirarem os lenços, o direito à palavra foi-lhes dado.

Não deixa de ser caricato que surja  agora esse impedimento quando há mais de um ano se multiplicam os deputados que se fazem acompanhar de simbologia alusiva à Ucrânia. Até mesmo Ursula Von der Leyen fez questão, em múltiplas ocasiões, de se vestir com as cores da bandeira da ucraniana, nunca tendo sido levantado qualquer problema.

A isto acresce o facto de, como se pode ver, não ter existido um comportamento inadequado, até dada a subjectividade que interpretação que tal suscita, e não existir nada que impeça qualquer tipo de simbologia - apenas existe a proibição de bandeiras ou faixas.

A argumentação para o impedimento também passou pela invocação de «implementing measures», ou seja, de um suposto código de conduta, algo que nunca foi bem especificado. 

A «Europa dos valores» esbarra mais uma vez na hipocrisia. Desta vez foi a liberdade atacada para silenciar a denúncia da cumplicidade da União EUropeia com o genocídio do povo palestianino e o ataque ao Líbano perpretado por Israel. 

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