O Procurador-Geral, Néstor Humberto Martínez, disse à Jurisdição Especial para a Paz (JEP) que não tem provas de áudio e vídeo no processo judicial em curso contra o ex-comandante guerrilheiro das FARC-EP, que foi um dos mais destacados negociadores dos acordos de paz e membro do Conselho Político do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC).
Aos magistrados que integram a JEP – um organismo de justiça transitória concebido pelas FARC-EP e o governo da Colômbia no âmbito dos acordos de paz – Martínez disse que o processo carece de provas que demonstrem a participação do Santrich em crimes de narcotráfico e que as alegadass provas estão em poder da Justiça norte-americana, que solicita a extradição de Santrich.
A este respeito, Pablo Catatumbo, senador da FARC, destacou a ilegalidade do processo movido contra Jesús Santrich, que foi detido de «forma ilegal» a 9 de Abril pelas autoridades colombianas, a pedido da Justiça dos EUA, e se encontra preso na cadeia de La Picota, em Bogotá.
Reafirmando esta quinta-feira a posição da FARC desde o início do processo, Catatumbo reiterou ao tribunal da JEP o pedido de que Santrich seja libertado, mais ainda quando o Ministério Público assume não ter provas do crime de narcotráfico de que é acusado.
«O magistrado mentiu ao país porque há algum tempo disse que havia provas contundentes. O que isto mostra é que há uma detenção ilegal e, quando não há provas, o que se segue é a liberdade de Santrich», insistiu Catacumbo, citado pela Prensa Latina.
Catatumbo lembrou ainda que a FARC alertou, desde o início, que se tratava de «uma montagem para criar desconfiança e desprestigiar o partido», sublinhando que a libertação de Santrich será uma mensagem para «a militância fariana que teme pela sua segurança jurídica».
No mesmo sentido se pronunciou a senadora Victoria Sandino, que escreveu na sua conta de Twitter: «A montagem contra Santrich e o seu injusto encarceramento são um golpe contra o processo de paz; está há cinco meses privado de liberdade sem uma única prova.»
«Montagem judicial» e sujeição aos interesses norte-americanos»
No dia seguinte à detenção de Jesús Santrich, nome por que é conhecido Seuxis Paucias Hernández Solarte, a FARC classificou o caso como uma «montagem e sabotagem», que se enquadra nas «acções de perseguição contra os principais dirigentes do partido», e como «um plano orquestrado pelo governo dos Estados Unidos com o apoio do Ministério Público colombiano».
Pouco depois, ainda no mês de Abril, a FARC emitiu um documento em que reafirmou o empenho na «construção da paz e da democracia», mas sublinhando o total apoio a Santrich, cuja detenção manifesta «a sujeição absoluta das autoridades colombianas aos interesses norte-americanos».
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