Em declarações à rádio Voz da Palestina, Ayed Abu Qutaish, responsável da organização não governamental (ONG) DCI-Palestine, explicou, no sábado, que as autoridades israelitas mantêm 160 menores detidos em prisões, incluindo 21 em regime de detenção administrativa.
Ao abrigo dessa política, condenada internacionalmente, Israel mantêm detidos palestinianos sem acusação ou julgamento, com base numa «prova secreta», por períodos até seis meses, infinitamente renováveis.
Chamando a atenção para a escalada sem precedentes dos assassinatos e detenções de crianças e jovens palestinianos, Abu Qutaish criticou a chamada «comunidade internacional» por não dar protecção a essa camada da população e por não responsabilizar Israel pelos seus crimes, indica a PressTV.
Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno». A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas. Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos». «Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender». Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção. No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção». De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores. Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram. A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo. Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei». A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar». O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno. De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato. O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.» A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas. Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel
Uma «viagem sem fim ao inferno»
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De acordo com os dados recolhidos pela DCI-Palestine, as tropas israelitas mataram 31 menores na Margem Ocidental ocupada e seis na Faixa de Gaza de cercada, este ano.
Em Julho, a organização sublinhou que, com base nas suas investigações, as tropas israelitas apontam de forma sistemática à parte superior do corpo quando disparam contra crianças palestinianas, seja com o propósito de as matar ou ferir, provocando uma deficiência ou incapacitação permanente.
«É óbvio que as forças israelitas se sentem à vontade para atirar a matar contra palestinianos, incluindo crianças, com total impunidade», denunciou então Abu Qutaish.
Os dados e as provas recolhidos pelo organismo mostram que, por norma, «as tropas de ocupação recorrem à força letal contra os menores em circunstâncias que equivalem a execuções extrajudiciais ou premeditadas», informou.
Entretanto, nas últimas horas, outros dois menores morreram depois de serem atingidos pelos disparos de tropas e colonos israelitas na Cisjordânia.
Bara Ahmad Fayez al-Qerm, de 16 anos, faleceu, este domingo, perto de Jenin, onde foi atingido a tiro por forças israelitas. Ramzi Fahthi Hamed, de 17 anos, morreu, esta manhã, não resistindo aos ferimentos que lhe foram infligidos por colonos nas imediações da cidade de Silwad.
Forças israelitas matam três palestinianos perto de Jenin
Os menores palestinianos detidos em cadeias israelitas são alvo de maus-tratos físicos e verbais, revelou uma comissão palestiniana. Na sua maioria, os jovens – alguns com 12 anos – são acusados de atirar pedras. A Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos publicou um relatório no domingo passado, com base nos testemunhos de 45 menores de 18 anos de Jerusalém Oriental que se encontram detidos na prisão israelita de Damon, noticiou o jornal egípcio em língua árabe al-Youm al-Sabe’. De acordo com a fonte, a que a PressTV teve acesso, as crianças afirmaram ter sido severamente espancadas pelas chamadas forças «Nahshon», que os acompanharam nas transferências entre a cadeia e os tribunais e entre o presídio de Damon e outras prisões. Os jovens afirmaram que os militares israelitas lhes deram socos e pontapés em todo o corpo, além de os insultarem, tanto nas viaturas de transporte como nas salas de espera dos tribunais. Um dos prisioneiros mais velhos em Damon, responsável pelas crianças no cárcere israelita, destacou o agravamento da situação, afirmando que têm vindo a aumentar os casos de maus-tratos verbais e físicos por parte das forças israelitas, e que as marcas das tareias são visíveis nas caras e nos corpos dos menores quando estes regressam às suas celas. Esta fonte, consultada pela Comissão, acrescentou que foram apresentadas de imediato queixas às autoridades prisionais, sem qualquer resposta. De acordo com o relatório, os agentes da unidade conhecida como «Nahshon», que tem a seu cargo as prisões e as transferências dos prisioneiros palestinianos entre prisões e para os tribunais, obrigam regularmente os menores a despirem-se – com o pretexto de os inspeccionar –, invadem as suas celas e mexem nos seus pertences. Organizações palestinianas estimam que, actualmente, haja nas cadeias israelitas cerca de 5700 prisioneiros palestinianos, 500 dos quais estão presos sob o regime de detenção administrativa, que permite a Israel manter prisioneiros palestinianos na cadeia, sem acusação formal ou julgamento, por períodos de seis meses, prorrogáveis indefinidamente. Em Junho último, uma comissão, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação com as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos». «Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender», lia-se no texto da ONU. No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção». De acordo com o texto, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Crianças palestinianas sofrem maus-tratos nas cadeias israelitas
«Uma viagem ao inferno»
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As forças de ocupação mataram, este domingo, na aldeia de Arraba (a sul de Jenin) os três ocupantes de uma viatura, alegando que estavam armados e que se preparavam para realizar um ataque contra Israel.
O Ministério palestiniano da Saúde confirmou o assassinato dos três palestinianos que seguiam no interior do veículo, no Norte da Cisjordânia ocupada. Também revelou que as forças israelitas impediram que pessoal médico e ambulâncias se aproximassem do local.
De acordo com o portal Palinfo, as forças de ocupação dispararam mais de cem balas contra a viatura, tendo confiscado os corpos em seguida – uma prática comum e antiga da democracia israelita.
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