A notícia avançada pelo jornal brasileiro Estadão revelava a circular enviada esta segunda-feira por correio electrónico às escolas brasileiras. «Prezados directores, pedimos que, no primeiro dia de regresso às aulas, seja lida a carta que segue em anexo nesta mensagem, da autoria do ministro da Educação, professor Ricardo Vélez Rodríguez, para professores, alunos e demais funcionários da escola, com todos alinhados diante da bandeira do Brasil, e que seja executado o hino nacional», referia o email.
«Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e a qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em vosso benefício, alunos, que constituem a nova geração», lê-se no documento enviado ontem por Vélez Rodríguez, terminando com o slogan adoptado por Jair Bolsonaro na campanha eleitoral: «O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos».
Ouvido pelo Estadão, Arthur Fonseca Filho, director da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), afirmou que o pedido é «ilegal», realçando que o Ministério da Educação «não tem competência» para o fazer, tal como as escolas não têm autorização para filmar e enviar as imagens dos seus alunos para o Governo. Também o jornal O Globo criticou a iniciativa do ministro da Educação, defendendo que a carta «mistura Estado e governo», numa atitude típica de regimes ditatoriais.
As repercussões negativas da medida levaram o ministro, que chegou ao governo de Bolsonaro por recomendação do militante de extrema-direita radicado nos EUA, Olavo de Carvalho, a reconhecer o «erro» e a emitir um comunicado rectificativo. No documento emitido esta terça-feira, o acto de cantar o hino é apresentado como voluntário e o slogan da campanha de Bolsonaro foi retirado.
Entretanto, Paulo Pimenta, líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, anunciou que o partido vai avançar com uma acção popular no Supremo Tribunal Federal e representação na Procuradoria-Geral da República contra o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, pelo email de ontem.
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