«Não houve qualquer aviso oficial ou ordem de evacuação antes do bombardeamento do hospital, apenas rumores que espalharam o pânico», disse esta sexta-feira Richard Peeperkorn, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os territórios palestinianos ocupados.
Numa conferência de imprensa em Genebra, Peeperkorn acrescentou que o hospital estava a funcionar nos mínimos, revela a Wafa.
Ontem, as forças israelitas de ocupação voltaram a cercar, atacar e invadir o Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia. De acordo com diversos portais da imprensa, pessoal médico e pacientes foram interrogados, e muitos detidos pelas tropas israelitas, antes de estas se retirarem.
A propósito da mais recente ofensiva contra a unidade hospitalar, o seu director, Hussam Abu Safiya, ferido num outro ataque israelita, disse à imprensa que quatro funcionários se encontravam entre o «grande número» de mortos e feridos.
Também reafirmou que a situação no hospital e nas suas imediações é «catastrófica», sem cirurgiões e com os materiais médicos prestes a esgotar-se.
Dos ataques israelitas a edifícios próximos, bem como à parte meridional e ocidental do centro hospitalar, resultaram pelo menos três dezenas de vítimas mortais.
«Estamos chocados ao ver centenas de corpos nas ruas em redor do hospital», disse Abu Safiya.
De acordo com as autoridades de saúde no território, as forças de ocupação estão a tentar encerrar o hospital à força, num contexto mais amplo da limpeza étnica em curso no Norte da Faixa de Gaza – território que foi arrasado e tornado inabitável, e de onde terão sido expulsos pelo menos 100 mil palestinianos.
Alerta para atraso na evacuação de doentes em Gaza
Também esta sexta-feira, a OMS alertou que o ritmo das evacuações médicas de palestinianos doentes e feridos para fora de Gaza, incluindo crianças, é tão lento que serão necessários cinco a dez anos para resolver o atraso, ao ritmo actual, indica a PressTV.
Richard Peeperkorn destacou que apenas 78 dos 12 mil doentes que precisam de receber tratamento fora do enclave conseguiram sair recentemente. «Cerca de 12 mil doentes em Gaza ainda precisam de evacuação médica e apenas 78 foram evacuados», disse.
Normalmente, as respostas dos militares israelitas aos pedidos de evacuação médica demoram meses e, nos últimos meses, o número de saídas diminuiu.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), entre as 12 mil pessoas à espera de serem evacuadas por razões médicas em Gaza há 2500 crianças, sendo que algumas morreram durante a espera de meses para serem levadas para hospitais fora do enclave.
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