A jornalista Givara Budeiri foi detida por soldados israelitas este sábado, quando cobria um protesto no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Leste. Durante a prisão a jornalista sofreu agressões e o equipamento do seu operador de câmara foi destruído.
O protesto (sit-in) assinalava o 54.º aniversário da «Naksa», a designação árabe para a ocupação israelita dos territórios palestinianos de Jerusalém Leste, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, ocupação que se mantém até hoje.
Givara Budeiri trabalha há mais de 20 anos para a Al-Jazeera (em arábico), usa um colete que a identifica como jornalista e é devidamente reconhecida pelo Gabinete de Imprensa do Governo do Estado de Israel.
Hoda Abdel-Hamid, sua colega na Al-Jazeera, reportou, a partir de Jerusalém, que a prisão de Budeiri não teve motivo aparente e se deu quando a jornalista procurava o seu cartão de imprensa após o pedido de apresentação do mesmo pelos soldados. «Ela tentava tirar o seu cartão de imprensa [do colete]» enquanto «era empurrada» e o operador de câmara via esta ser destruída.
«Falámos com outros jornalistas e todos disseram que não havia qualquer espécie de tensão», disse Abdel-Hamid, acrescentando que não se compreendia porque tinham detido Budeiri quando todos os jornalistas cobriam os acontecimentos, tal como ela.
A jornalista foi libertada após várias horas de detenção, tendo tido de receber tratamento hospitalar devido às agressões recebidas. A sua prisão recebeu uma veemente condenação por parte de organizações de defesa dos jornalistas e da liberdade de imprensa.
À saída Budeiri declarou ter sido agredida durante o seu transporte na viatura de polícia e ter sido «tratada como uma criminosa» na esquadra para onde foi levada, incluindo não autorizarem que tirasse o colete à prova de bala e impedirem-na de sequer fechar os olhos.
Afirmou ainda ter sido acusada de «bater numa mulher-soldado», acusação que nega completamente, e de ter sido libertada na condição de não voltar a Sheikh Jarrah nos próximos 15 dias.
Activistas de Sheikh Jarrah presos no domingo
Muna al-Kurd e Mohammed al-Kurd, os irmãos que se tornaram rostos mediáticos da campanha contra as expulsões de palestinianos no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Leste, foram também presos no domingo em sua casa.
Os gémeos Muna e Mohammed partilharam nas redes sociais as ofensas e humilhações sofridas pela família al-Kurd por parte de colonos israelitas com os quais, desde 2009, são obrigados a partilhar a sua casa, por decisão de tribunais do Estado de Israel.
Os seus relatos, iniciados quando ainda eram crianças, foram um importante elemento mobilizador da luta das famílias pelos seus direitos e do movimento de solidariedade com a mesma.
Muna foi levada algemada da sua casa, enquanto pedia à família «para não ter medo». O seu pai, Nabil al-Kurd, afirmou à agência Wafa que a polícia assaltou a casa «de forma provocatória» e que, além de levaram a filha, deixaram uma ordem para o seu irmão se entregar à polícia.
Mohammed apresentou-se na esquadra de polícia local, acompanhado pelo seu advogado, o qual explicou à imprensa que os irmãos enfrentavam acusações de «cometerem actos que perturbavam a segurança pública» e de «tomarem parte em distúrbios».
Os irmãos são os iniciadores da campanha #SaveSheikhJarrah, nas redes sociais, que desde há três meses deu maior visibilidade à luta dos palestinianos contra as expulsões forçadas das suas casas, por colonos e tribunais israelitas.
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