A dirigente política e ex-deputada palestina Khalida Jarrar voltou a ser presa pelas forças de ocupação israelitas. A sua filha Yafa informou, através do Twitter, que a casa da família, em El Bireh, nos arredores de Ramallah, foi assaltada às 3h da madrugada desta quinta-feira por mais de 70 soldados e 12 veículos militares, segundo reporta o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) em notícia publicada na sua página.
Desde domingo, 27 de Outubro, que diariamente se sucedem assaltos a casas e prisões, em diferentes partes da Cisjordânia ocupada, de quadros da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). Só na madrugada desta quinta-feira, da 31, foram presos 12 militantes da FPLP, entre os quais a dirigente Khalida Jarrar e o escritor Ali Jaradat. Segundo o saudita Al-Awsat, os restantes prisioneiros ainda não terão sido identificados pelo Clube de Prisioneiros Palestinianos em Ramalah.
Em comunicado, a FPLP exortou a Autoridade Palestina e os seus serviços de segurança a interromperem todas as formas de coordenação de segurança com as forças de ocupação.
A advogada de Khalida Jarrar, Sahar Francis, da Addameer (Associação de Apoio e Direitos Humanos dos Presos), declarou ao jornal israelita Haaretz que a dirigente palestina foi levada para local desconhecido. O Haaretz adianta que a prisão foi efectuada pelo Shin Bet, o serviço de espionagem interno de Israel.
Khalida Jarrar, de 57 anos, volta a ser detida apenas oito meses após ser libertada de uma prisão israelita, depois de passar quase dois anos (20 meses) no regime de detenção administrativa. Ao abrigo deste regime Israel pode manter os palestinianos encarcerados por períodos de até seis meses, indefinidamente renováveis, sem julgamento nem culpa formada e sem sequer justificar os motivos da detenção.
Esta é a quarta vez que Jarrar é encarcerada pelas autoridades de ocupação israelitas. A sua primeira prisão foi a 8 de Março de 1989, aos 17 anos, durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher, tendo ficado detida um mês sem julgamento. Em 2 de Abril de 2015 foi presa na sequência de, no ano anterior, se ter recusado a acatar uma ordem de expulsão emitida pelo exército israelita, e apenas foi libertada depois de uma campanha internacional após cerca de 15 meses de prisão, a 3 de Junho de 2016. Em 2 Julho de 2017 foi presa pela terceira vez e mantida reclusa ao abrigo das infames «medidas de segurança», sucessivamente estendidas, sendo finalmente libertada em 28 de Fevereiro de 2019, sem julgamento ou que qualquer acusação tivesse sido produzida.
Khalida Jarrar nasceu em Nablus, em 1963. Tem um doutoramento em Direitos Humanos e Democracia e é reconhecida como uma influente activista neste campo. Desde 1998, após assistir a uma cimeira internacional sobre o tema, em Paris, foi proibida de viajar para fora da Cisjordânia pelo ocupante sionista. Sofrendo de trombose venosa profunda, apenas em 2010 foi autorizada a viajar para Amã, na Jordânia, para ser tratada, depois de intensas pressões internacionais.
Em 20 de Agosto de 2014, na sua casa, em Ramallah, recebeu uma ordem de expulsão do exército israelita por ser considerada «uma ameaça à segurança» do Estado de Israel, tendo-lhe sido designada residência em Jericó po seis meses. Jarrar recusou-se a partir e respondeu que «é a ocupação que deve partir da nossa pátria». Referia-se aos Acordos de Oslo de 1993 e 1995, em que Israel reconheceu ficar a área de Ramallah «completamente sob jurisdição e governo palestiniano. O protesto da activista e uma campanha internacional de solidariedade reduziu o tempo de expulsão para um mês mas nem assim Jarrar não deixou Ramallah.
Como activista política, Khalida Jarrar tem-se focado nos direitos dos presos, na legislação social e na melhoria da condição das mulheres. Foi vice-presidente e directora executivo da Addameer e deputada ao Conselho Legislativo Palestino (parlamento), eleita em 2006 na lista da FPLP, liderada pelo seu secretário-geral, Ahmad Sa'adat, que desde 2008 cumpre uma pena de prisão de 30 anos nas cadeias de Israel.
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