No contexto da semana referida, que este ano se celebra de 27 a 31 de Maio, organizações de vítimas de crimes de Estado, de familiares de vítimas de desaparecimento forçado e de defesa dos direitos humanos agendaram iniciativas em diversas cidades colombianas, visando abordar questões como «continuamos a procurá-lo», «onde estão?», «porque os fizeram desaparecer?» e «quem fez isto?».
Tendo por base os dados divulgados pelo Registo Único de Vítimas na Colômbia, a Prensa Latina afirma que, no país andino, estão contabilizadas mais de 120 mil pessoas vítimas de desaparecimento forçado entre 1985 e 2016.
Por seu lado, o Centro Nacional de Memória Histórica (CNMH) dá conta de mais de 83 mil desaparecimentos forçados e cerca de 40 mil sequestros no país sul-americano.
Acordo de Paz com as FARC-EP e falta de empenho do Estado
No texto do acordo de paz celebrado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), o Estado colombiano comprometeu-se a promover medidas para acelerar a busca das pessoas dadas como desaparecidas e, assim, avançar no cumprimento do direito das vítimas à verdade e reparação.
Tendo isto em conta, Luz Marina Monzón, directora da Unidade de Busca de Pessoas dadas como Desaparecidas (UBPD), questionou a redução da verba atribuída à instituição, que foi criada no contexto do acordo negociado em Havana e faz parte do Sistema Integral para a Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição, juntamente com a Comissão da Verdade e a Jurisdição Especial para a Paz.
Avançar na busca, enfrentando dificuldades
Em declarações à Contagio Radio, Monzón destacou a necessidade de avançar na procura dos mais de 120 mil desaparecidos registados «no contexto do conflito», tendo reconhecido que existe a probabilidade de esse número ser mais elevado.
Para esse efeito, a UBPD distribuiu equipas por nove departamentos da Colômbia, que pretendem trabalhar ao lado das vítimas e de organizações sociais, explicou a responsável.
Acrescentou que, face à verba reduzida que lhe é atribuída pelo Estado colombiano, a instituição teve de valer-se, por um lado, da «cooperação internacional» e de proceder, por outro, à redução do número de componentes das equipas em cada departamento.
De acordo com o CNMH, em 70% dos casos de desaparecimento forçado na Colômbia, a responsabilidade recai em grupos paramilitares.
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