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Manifestações no Chile pelo fim dos fundos privados de pensões

Em Santiago e noutras cidades chilenas, os manifestantes exigiram o fim das Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), que se «enchem com as poupanças dos trabalhadores e entregam reformas de miséria».

Manifestação em Santiago do Chile contra as Administradoras de Fundos de Pensões Créditos / PL

Em pleno Verão austral, a plataforma No+AFP promoveu uma jornada nacional de mobilização, esta quarta-feira, que teve expressão em várias cidades do Chile, a maior das quais na capital, Santiago.

O objectivo era denunciar a reforma das pensões do governo liderado por Gabriel Boric, que os manifestantes acusaram de ter chegado a um acordo com a direita, traindo a promessa que fez de acabar com as AFP.

Em Santiago, a manifestação percorreu as ruas entre a Praça de Armas e o Palácio de La Moneda, sede da Presidência, repudiando a proposta de reforma que, de acordo com os organizadores, só vai beneficiar as empresas que integram o sistema AFP.

Criadas em 1981, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), as AFP são instituições financeiras privadas que têm a seu cargo a administração das contas individuais dos filiados e, segundo afirma a No+AFP, «não garantem uma velhice digna».

Há muito que a coordenadora se mobiliza contra este sistema, defendendo a necessidade de um novo sistema de pensões, público e universal, que garanta a melhoria das condições dos reformados no país austral.

Trabalhadores criticam projecto, ministra defende-o

Luis Mesina, porta-voz da plataforma, alertou que, com o projecto debatido no Congresso, a taxa contributiva vai aumentar, o que implica dar mais dinheiro às empresas privadas.

«Depois de o governo ter prometido acabar com as AFP, agora acaba por lhes transferir mais dinheiro», criticou.

Protesto em Concepción / @CNT_NOmasAFP

Falando em frente à sede presidencial, Mesina disse que «o povo jamais aceitará a traição cometida contra o movimento sindical, os trabalhadores chilenos».

«Você, senhor Presidente, passará à história como o presidente que consolidou o negócio privado dos direitos sociais», afirmou, num vídeo divulgado pela Izquierda Diario, antes de sublinhar que a luta contra as AFP é «uma causa histórica».

Na jornada de mobilização, a coordenadora No+AFP apelou ao protesto contra a reforma e disse estar a preparar uma manifestação nacional para 30 de Março.

Já a ministra do Trabalho, Jeannette Jara, promotora da iniciativa – indica a Prensa Latina –, defende a reforma que não põe em causa os fundos privados, afirmando, entre outras coisas, que se poderá realizar licitações públicas e introduzir maior concorrência entre as empresas.

Segundo referiu, a reforma prevê o aumento para 250 mil pesos (cerca de 240 euros) da Pensão Universal, que é atribuída a pessoas com 65 anos ou mais e que não recebem qualquer pensão.

Também disse que o projecto deverá beneficiar cerca de 2,8 milhões de adultos com aumento das reformas entre 14 e 35%.

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