«Estamos profundamente tristes em anunciar o falecimento da nossa atleta, Rebecca Cheptegei no início desta manhã, que tragicamente foi vítima de violência doméstica. Como federação, condenamos tais actos e apelamos à justiça», escreveu a Federação de Atletismo do Uganda na rede social X (ex-Twitter), esta quinta-feira.
A estrutura lembra a participação de Rebecca Cheptegei nos Jogos Olímpicos de Paris, em Agosto, onde a atleta terminou a maratona em 44.º lugar, e o entusiasmo vivido então pela população do Uganda, sentimento que contrasta com a tristeza sentida agora pela perda da atleta, que deixa duas filhas menores.
Há quase um mês que as mobilizações, lideradas pela esquerda, têm lugar na Índia em defesa de espaços públicos seguros para as mulheres, depois da violação e assassinato de uma jovem médica em Calcutá. Na terça-feira passada, milhares de pessoas participaram numa manifestação na capital do estado indiano de Bengala Ocidental, exigindo justiça para a médica violada e assassinada, em Agosto, no hospital público RG Kar. A mobilização, que foi convocada por uma frente de esquerda no estado, também chamou a atenção para a questão da segurança das mulheres nos espaços públicos e o seu direito a moverem-se em liberdade, indica o Peoples Dispatch. Além disso, refere a fonte, os manifestantes exigiram a responsabilização do governo estadual, que, em seu entender, «não conseguiu controlar a deterioração da lei e da ordem». Também reclamaram a detenção do director do hospital, assim como do comissário da Polícia de Calcutá, que alegadamente terá tentado encobrir o incidente para proteger os culpados. O Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M) e o Partido Comunista da Índia (PCI) estiveram entre as forças que lançaram um apelo conjunto à mobilização. Outros partidos e organizações também participaram nos protestos, como a Federação dos Estudantes da Índia (SFI), a Federação Democrática da Juventude da Índia (DYFI) ou a Associação das Mulheres Democratas de Toda a Índia (AIDWA). Em declarações à imprensa, dirigentes dos partidos de esquerda acusaram Mamta Baneerjee, ministra-chefe de Bengala Ocidental, de tentar proteger a pessoa acusada no caso usando o seu poder. Neste sentido, exigiram que se demitisse do cargo, para que uma investigação «livre e justa» possa ser levada a cabo e para que seja feita justiça. «A tentativa audaciosa do partido no poder e da administração para inviabilizar a investigação do incidente no [hospital] RG Kar e proteger os culpados já foi exposta. O fracasso da ministra-chefe em garantir um ambiente seguro para as mulheres é patente. O povo do estado exige que ela se demita e que os culpados sejam punidos», disse Sujan Chakraborty, dirigente do PCI(M), aos jornalistas. Partidos políticos e outras organizações de esquerda têm-se mobilizado por todo o estado (e noutros pontos do país) desde que veio a público a notícia da violação e assassinato da jovem médica num hospital de Calcutá, exigindo justiça, segurança para as mulheres nos espaços públicos e liberdade de movimento. Com estas exigências em mente, continuam a organizar vigílias nocturnas, insistindo na questão do direito das mulheres à segurança. De acordo com o Peoples Dispatch, «a violação e outras formas de violência contra as mulheres na Índia têm aumentado na última década, tendo sido registados mais de 31 500 casos de violação só em 2022». O Gabinete de Registo do Crime Nacional (NCRB) aponta que a taxa de condenação destes casos no país asiático não ultrapassa os 27%. No que respeita ao crime cometido a 9 de Agosto no Hospital RG Kar, a esquerda insiste, com base na autópsia, que não foi cometido apenas por uma pessoa, e que o partido no poder em Bengala Ocidental tem tentado abafar o caso, para proteger pessoas que lhe são próximas. Entretanto, milhares de médicos estagiários e a fazer a especialidade continuam em greve por tempo indeterminado, reclamando justiça para a vítima do RG Kar e mais segurança nos locais de trabalho. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Prosseguem as mobilizações na Índia pelo fim das violências contra as mulheres
Vigílias vão continuar
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Rebecca Cheptegei morreu ontem no Quénia, quatro dias depois de, segundo as notícias, o ex-companheiro lhe ter regado o corpo com gasolina e de seguida lhe ter ateado fogo. «Um acto de cobardia e sem sentido, que levou à perda de uma grande atleta», lamentou o presidente do Comité Olímpico do Uganda, Donald Rukare, na rede social X.
Segundo dados recentes deste país da África Oriental, 34% das mulheres e meninas entre os 15 e 49 anos sofrem violência física e 41% das mulheres casadas enfrentam abuso. Só em Janeiro deste ano foram contabilizadas 14 vítimas.
Em Março de 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertava que cerca de uma em cada três mulheres em todo o mundo estavam sujeitas a violência física ou sexual durante a sua vida e apelava aos governos que, além de prevenirem o flagelo, melhorassem os serviços de apoio às vítimas e trabalhassem no sentido de combaterem as desigualdades económicas, que frequentemente prendem raparigas e mulheres a relações abusivas.
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