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Militante do Partido Comunista de Israel recusa integrar exército de ocupação

Ella Keidar, uma militante comunista de 18 anos, foi ontem condenada a um mínimo de 30 dias de prisão militar por se recusar a integrar as forças de ocupação israelitas. «O meu país está a cometer um genocídio em Gaza».

Manifestação de apoio à militante do Partido Comunista de Israel, Ella Keidar (ao centro), a 18 de Março de 2025, pela sua decisão de se recusar a juntar ao exército de ocupação israelita. Dois dias depois, a jovem foi condenada a um mínimo de 30 dias de prisão militar. 
CréditosOren Ziv

«Participei na organização de um grande protesto contra a propaganda transfóbica, lutei, ao lado de activistas palestinianos, contra o roubo das suas terras enquanto soldados disparavam granadas de atordoamento e balas de borracha, bloqueei estradas, fui ferida pela Magav (polícia de fronteira) nos despejos violentos que promovem, organizei uma campanha de recusa em massa dentro da organização Juventude Contra a Ditadura, fiz segurança e juntei-me à co-resistência em Masafer Yatta [na Cisjordânia], e agora - estou a Recusar».

A comunista trans Ella Keidar, de 18 anos, apresentou-se anteontem no centro de recrutamento e recusou-se a integrar o exército de ocupação israelita (obrigatório aos 18 anos - 2 anos e 8 meses para homens, 2 anos para mulheres). Não tardou a ser conhecida a sentença: uma pena inicial de 1 mês em prisão militar.

Num comunicado escrito por Ella antes da sua detenção, divulgado agora pela organização de objectores de consciência israelitas (Mesarvot), a comunista conta o seu percurso pessoal, desde a leitura de uma velha edição do Manifesto Comunista da sua avó, a afirmação da sua identidade de género e a tomada de uma posição política consequente tornando-se militante do Partido Comunista de Israel (PCI) e integrando o Mesarvot.

Ao chegar a carta de recruta, convocando-a para o serviço militar, Ella não teve dúvida em escolher a recusa em servir: «a principal razão para este acto é que o meu país está a cometer um genocídio em Gaza. Centenas de milhares de pessoas foram mortas em bombardeamentos, pela destruição intencional de infraestruturas, fome e fogo indiscriminado».

«Milhões de pessoas foram arrancadas das suas casas e continuam a viver num estado de desalojamento desde então. Esta tem sido a realidade quotidiana em Gaza nos últimos 18 meses. (...)». O genocídio do povo palestiniano, no entanto, não se limita a Gaza. «A guerra de aniquilação não passou ao lado da Cisjordânia (...) Dezenas de aldeias foram alvo de uma limpeza étnica, como se nunca tivessem existido, e bairros inteiros foram destruídos e despovoados no âmbito da operação de destruição em Jenin e Tulkarm».

Tal como outras dezenas de jovens israelitas, a recusa de ingressar no exército de ocupação israelita de Ella deixa uma mensagem clara aos seus concidadãos: «os regimes sinistros e os horrores que impõem não se desmoronam por os cidadãos obedecerem à lei e cumprirem aquilo a que são mandados, esperando que alguém lá em cima ganhe juízo e compreenda que a situação tem de acabar. O imperativo é recusar», recusar a cumplicidade com o genocídio do povo palestiniano.

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