|País Basco

Mobilização em Bilbau contra as «notícias falsas» do absentismo

Os trabalhadores bascos exigiram respeito pela legislação laboral e protestaram esta quinta-feira contra a «campanha» do patronato em torno do «absentismo», passando a ideia do «não querem trabalhar».

Mobilização em Bilbau contra a campanha do patronato em torno do absentismo Créditos / LAB

Os sindicatos LAB, ESK, STEILAS, EHNE-etxalde e HIRU organizaram a mobilização de ontem, na capital biscainha, entre a Praça Elíptica e o hotel The Artist, onde a Confebask (patronato da Comunidade Autónoma Basca) realizava uma jornada dedicada ao tema «Revisão e análise do absentismo laboral em Euskadi».

À chegada ao hotel, os trabalhadores mobilizados sentaram-se no chão e dedicaram uma assobiadela aos participantes na jornada do patronato, revela o LAB no seu portal, tendo ainda pedido ao governo autonómico que não faça seu o «falso discurso» sobre o absentismo que a Confebask promove.

As organizações sindicais destacam que existe há meses «uma campanha patronal perfeitamente orquestrada», com uma mensagem bastante clara: «os trabalhadores tiram baixa porque são preguiçosos», aproveitando-se ainda de outro tipo de licenças (maternidade e paternidade) e direitos (greve, actividade sindical) «porque não querem trabalhar».

O encontro promovido pela Confebask, denunciam os sindicatos, é mais uma iniciativa «para reforçar esse discurso em torno do absentismo».

Campanha de fake news

 

A este propósito, o secretário de Saúde Laboral do LAB, Inko Iriarte, considerou que a mensagem que o patronato está a lançar «é uma campanha de fake news», tendo sublinhado que as empresas sabem que, ao garantirem a prevenção, com a criação de postos de trabalho salubres, «o número de baixas diminui de forma notável».

Trabalhadores concentrados à entrada do hotel, em Bilbau, onde a Confebask debatia o «absentismo» / LAB

Iriarte também denunciou que, por trás de tudo isto, há uma atitude contrária aos direitos conquistados ao longo dos anos pelos trabalhadores com a luta, e que aquilo que o patronato pretende é atacar direitos e reduzir licenças.

Em seu entender, a confederação patronal basca «quer aumentar o seu poder» e é nesse contexto que está também a atacar as competências dos médicos de família para passar baixas, «fragilizando a Saúde pública» para que os trabalhadores permaneçam nos seus postos de trabalho mesmo estando doentes.

Iriarte disse ainda que não existe um problema de fraude com as baixas, mas um patronato que não respeita as normas relativas à saúde no trabalho, que entende os direitos laborais e sociais como um problema, e que os ataca com todos os meios ao seu dispor.

«Absentismo» no Estado espanhol e no País Basco Sul

Tendo em conta as «notícias falsas» em torno do absentismo, o dirigente sindical revelou alguns dados, nomeadamente que o Estado espanhol, onde se enquadra a Comunidade Autónoma Basca, é um dos cinco com menor absentismo a nível europeu.

No Estado espanhol, a fraude nas baixas (simular doenças para obter a baixa) ronda os 4%, e o presentismo (trabalhar inclusive doente ou ferido) ronda os 41%, acrescentou.

«O absentismo descerá se as empresas cumprirem as normas de segurança laboral e garantirem a segurança dos trabalhadores», defenderam os sindicatos / LAB

Inko Iriarte disse que o absentismo é mais elevado no País Basco Sul (Comunidade Autónoma Basca e Navarra) do que noutros territórios do Estado, explicando que isso se deve ao maior peso da indústria (há mais acidentes laborais), às conquistas sociais derivadas da elevada sindicalização, a uma maior luta sindical e a um maior número de greves.

Também se deve a um maior envelhecimento médio da classe trabalhadora, ao maior número de mulheres no mundo do trabalho remunerado e a um maior exercício dos direitos, entre outros aspectos. Isto, disse, não é negativo, mas sinónimo de uma «sociedade mais desenvolvida», onde, «ainda assim, há muitos passos a dar».

Negativo é facto de as empresas não fazerem prevenção, não haver uma cultura de prevenção, nem uma vontade política de fazer cumprir a legislação laboral, frisou o sindicalista do LAB, recordando que o ano passado foram registados 100 mil acidentes de trabalho no País Basco Sul, metade dos quais provocaram mais de um dia de baixa, e que em 2024 já houve pelo menos 51 mortes laborais.

«O absentismo descerá se as empresas cumprirem as normas de segurança laboral e garantirem a segurança dos trabalhadores», destacou.

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