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Rússia considera ameaças de Donald Trump «inaceitáveis»

Nem os aliados dos EUA apoiam intervenção militar na Venezuela

As ameaças de intervenção militar pelo presidente norte-americano tiveram como resposta a rejeição do povo venezuelano, dos seus aliados sul-americanos e da Rússia.

«Não vemos a força como uma opção para resolver o conflito na Venezuela», afirmou Mauricio Macri (à esquerda), numa conferência de imprensa conjunta com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence (à direita). 15 de Agosto de 2017
CréditosDavid Fernandez / EPA

Após as afirmações proferidas na passada sexta-feira por Donald Trump em New Jersey, de acordo com as quais não põe de parte a possibilidade de uma intervenção militar no país sul-americano, o vice-presidente Mike Pence deu início a um périplo pelos seus aliados na região em que avisou que os EUA «não vão ficar de braços cruzados».

Segundo um estudo de opinião realizado pela empresa Hinterlaces e citado pela Alba Ciudad, 86% dos venezuelanos rejeitam uma intervenção militar estrangeira e 76% rejeitam qualquer tipo de intervenção estrangeira no país caribenho.

Também na passada terça-feira, milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas em protesto contra as declarações dos responsáveis norte-americanos. No final da manifestação, o presidente Nicolás Maduro considerou que as ameaças dos EUA resultam do «fracasso das suas forças internas na Venezuela», demonstrado com a participação popular na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte.

Rússia e aliados dos EUA na região descartam intervenção

Ao mesmo tempo que Mike Pence recebia negas dos presidentes da Argentina, dia 15, e do Chile, ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, classificou uma intervenção militar na Venezuela «inaceitável», à margem de um encontro com o seu homólogo boliviano, Fernando Huanacuni Mamani, em Moscovo.

Mamani acrescentou que, «se queremos ajudar, devemos respeitar o processo democrático iniciado na Venezuela», numa referência à eleição da Assembleia Nacional Constituinte, que classificou como o «melhor formato» para um diálogo nacional em toda a sociedade, em entrevista à RT, a partir da capital da Federação Russa.

A cadeia de televisão russa falou ainda com o jornalista Gregory Wilpert, que viveu na Venezuela entre 2000 e 2008, que lembrou que os «governos do Brasil, da Argentina, do México, da Colômbia e do Peru todos alinharam com o objectivo dos EUA de isolar a Venezuela. Contudo, eles traçaram uma linha quando Trump fez os comentários sobre uma possível solução militar, que é rejeitada por todos na América Latina, sabendo que o apoio a uma acção desse tipo iria, eventualmente, ameaçá-los igualmente».

O «ouro negro»: eterno combustível da máquina de guerra

Wilpert tocou ainda naquele que é o real interesse estratégico dos EUA na Venezuela: o petróleo. «Os EUA recebem cerca de 10% do seu abastecimento de petróleo» da Venezuela, lembrou. Recentemente, acrescenta a RT, quatro senadores republicanos que representam estados com refinarias petrolíferas escreveram uma carta ao presidente Trump, pedindo que não sejam aplicadas sanções económicas ao sector petrolífero.

A proibição de exportação do petróleo venezuelano para os EUA poderia fortalecer os laços económicos com a Rússia e a China, argumentam os senadores do Mississipi, do Luisiana e do Texas – é nos dois últimos que estão instaladas duas das três refinarias da Citgo, uma subsidiária da Petróleos de Venezuela.

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