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No Chile, mais de um milhão saem à rua apesar da repressão

No seguimento das manifestações massivas de sexta-feira que marcaram o dia de greve geral, as denúncias de atropelos aos direitos humanos mantêm-se e a ONU prepara uma visita.

CréditosSusana Hidalgo / twitter

Na tarde deste sábado surgiram denúncias de que militares chilenos estariam a disparar contra a população civil que, durante esta semana, se manifestou pacificamente em várias regiões do país.

Os violentos protestos e manifestações contra a política neoliberal do presidente Sebastián Piñera obrigaram-no a recuar parcialmente nas medidas de austeridade recentemente anunciadas, sem antes declarar o estado de excepção em Santiago e em outras cidades do país.

Os anúncios de aumento das tarifas de electricidade, há cerca de um mês, e dos bilhetes de metro, foram apenas o rastilho, num país que é o mais desigual entre os que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ocupando a sétima posição do ranking na América Latina.

O Instituto Nacional de Direitos Humanos (NHRI) do Chile até agora contabilizou 997 feridos e 3162 detidos durante os protestos contra as políticas económicas do governo Piñera.

Além desta instituição, movimentos sociais, sindicatos e outros cidadãos denunciam pelas redes sociais o desaparecimento de pessoas, algumas das quais dizem estar a ser removidas à força das suas casas à noite.

Enquanto isso, no meio da onda de protestos que abala o país, o presidente, sem falar da sua própria renúncia, solicitou a renúncia, pediu ontem de manhã a demissão de todos os ministros.

ONU prepara uma visita ao Chile

Uma equipa do Escritório de Direitos Humanos da ONU organiza, hoje, uma visita ao Chile para investigar denúncias sobre 18 mortes no contexto de protestos naquele país.


Os especialistas chegarão amanhã para esclarecer esses factos e outras alegações de crimes cometidos por terceiros, de acordo com a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani.

«Recebemos relatos de violações de normas e padrões internacionais relacionados ao uso da força pelas forças de segurança do Estado», afirmou.

O escritório também acompanha de perto a crescente crise no Chile, incluindo relatos de violações e abusos dos direitos humanos e a declaração de um estado de emergência, enfatizou.

Solidariedade bolivariana

O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, destacou a marcha massiva desta sexta-feira, que reuniu mais de um milhão pessoas em Santiago, capital do Chile, para rejeitar a medidas neoliberais impostas pelo presidente Sebastián Piñera.

«A profecia de Salvador Allende e Víctor Jara foi cumprida. As avenidas foram abertas e por elas passaram os homens e mulheres livres que se revoltam contra o neoliberalismo que oprime e gera desigualdade», escreveu o chefe de Estado na rede social Twitter.

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